Dia Nacional da Visibilidade Trans é celebrado neste sábado
Em 2021, país registrou 140 assassinatos envolvendo LGBTfobia
SBT Brasil
Neste sábado (29 jan.), será celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Pelo 13º ano seguido, o Brasil lidera o ranking de países que mais matam transexuais no mundo. Só em 2021, foram 140 assassinatos.
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Além da violência, outra luta é contra o preconceito. A discriminação presente em casa e no ambiente escolar faz com que muitas pessoas trans desistam dos estudos.
"Já ouvi essa questão de que eu não seria exemplo para outras pessoas, de que eu não era homem o suficiente. De que o nome social, ali, não poderia ser respeitado", fala Bernardo Gonzales, palestrante, professor e vítima de transfobia.
Uma pesquisa feita com 120 pais de crianças e adolescentes transgêneros no país revela que sete em cada dez deles já sofreram preconceito em sala de aula. As ofensas não vêm apenas de colegas, mas também de professores.
A transfobia no ambiente acadêmico é a principal causa de uma evasão escolar de 80% entre homens e mulheres da comunidade trans no Brasil. Os que conseguem se formar, enfrentam um novo desafio: vencer também o preconceito para entrar no mercado formal de trabalho.
Para capacitar e facilitar a inclusão social dos transsexuais, os fundadores do projeto Transconvida, Felipe Perestrelo e Rafael Gifalli, oferecem, de graça, cursos com noções de direito, tecnologia e inglês, mas dizem que esta deve ser uma via de mão dupla.
"Tem muitas empresas que querem contratar, mas não preparam a empresa para receber uma pessoa trans", afirma o empreendedor Gifalli. Para ele, respeitar uma pessoa que está trabalhando, sendo um profissional cheio de sonhos e com uma capacitação igual a qualquer outra pessoa no mundo é fundamental.
Parte da estrada em busca de respeito vem sendo percorrida, comemora Márcia Rocha, primeira advogada do Brasil com o nome social na carteira da Ordem dos Advogados (OAB). Há pouco mais de dois anos, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela criminalização da transfobia.
"O que o Supremo fez foi tornar, enquadrar a LGBTfobia no crime de racismo. Eu fico muito feliz de ver as coisas acontecendo, ainda tem muito chão pela frente, mas já andamos um bom pedaço", conclui a advogada.