Falta "vontade política" no Brasil, diz ambientalista sobre crise climática
Márcio Astrini explica que falta implementação concreta de metas estabelecidas na COP26
Com o fim da 26ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP26), o Brasil encerrou sua participação com algumas questões em aberto. Embora o país tenha assinado acordos importantes, há problemas com a implementação e o cumprimento das metas.
De acordo com Márcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, um dos maiores problemas do Brasil é a "vontade política".
"A gente sabe como fazer, mas não há vontade de implementação de quem comanda o país. Principalmente nesses últimos 3 anos, tem sido bastante difícil a relação do meio ambiente com o Brasil", explica o especialista. "Nós podemos cumprir as promessas de clima e até mesmo ultrapassá-las, diminuindo o desmatamento e fazendo os deveres de casa que vão melhorar a nossa própria economia", acrescenta.
Em relação ao mercado de carbono, que permite que países que absorvem mais gás carbônico do que emitem, vendam o excesso para aqueles que não conseguiram cumprir suas metas, Astrini afirma que o Brasil também tem grande potencial para a empreitada. No entanto, com a taxa de desmatamento em alta, a entrada do país no mercado se torna praticamente inviável.
"O desmatamento precisa ser terminado. Se nós fizermos isso, o Brasil será um forte candidato a ingressar no mercado de carbono com bastante vantagem. Se nós não fizermos isso, vamos ficar em dívida com a questão climática e, quem tem dívida, não tem crédito", diz.
O especialista ressalta que, em comparação com o ano de 2019, a atuação do Brasil nesta cúpula do clima foi melhor. "Os outros países tinham uma expectativa muito baixa com relação à participação do Brasil, mesmo porque nossa referência era o ano de 2019, que eu posso considerar a participação brasileira como trágica", lembra.
"Nessa conferência, o Brasil retirou algumas das propostas que vinha travando em negociações na agenda climática e assinou alguns papéis. A gente sabe que realmente não estamos em condição de cumprir aquilo que assinamos, mas é melhor ter essas assinaturas do que ter o Brasil bloqueando discussões. Dentro da expectativa criada em 2019, o país se saiu melhor, mas ainda tem muita lição de casa para fazer no mundo real", completa Astrini.
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