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Brasil

Avião de garimpeiros atropela e mata indígena Yanomami em Roraima

Edgar Yanomami, de 25 anos, morreu na comunidade de Homoxi

Imagem da noticia Avião de garimpeiros atropela e mata indígena Yanomami em Roraima
Indígena é atropelado por avião de garimpeiros e morre em Terra Yanomami
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O indígena Edgar Yanomami, de 25 anos, morreu na última 4ª feira (28. jul), após ser atropelado por um avião de garimpeiros em uma pista na comunidade Homoxi, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A informação foi confirmada pelo presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuanna (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, nesta 6ª feira (30.jul). Júnior contou que recebeu a informação via rádio de comunicação e se deslocou para a comunidade Homoxi no dia seguinte.

"O povo Yanomami relatou que ele morreu no local e outros garimpeiros levaram o seu corpo de helicóptero para a comunidade de Yamasipiu, região de Haxiu, cerca de 15 km de onde ocorreu o atropelamento. O povo Yanomami estava chorando, abalados, com medo", afirmou. O presidente da Condisi-YY também relatou que Homoxi é uma comunidade que foi cercada pelo garimpo ilegal, deixando os indígenas no meio de conflitos de invasores. "Onde eu estava, eu vi muito o movimento dos garimpeiros, muitos aviões, muitos helicópetros pousando e decolando na região", acrescentou.

Diante dos fatos, um ofício comunicando a morte de Edgar e cobrando providências das autoridades foi elaborado pelo Condisi-YY. O documento, ao qual a equipe do SBT News teve acesso, foi enviado à Polícia Federal (PF), Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye'kuana da Fundação Nacional do Índio (Funai), Polícia Civil, Ministério Público Federal (MPF), Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e Secretaria Especial de Saúde Indígena - subordinados ao Ministério da Saúde.

Em trecho do documento, a Condisi-YY destaca que o piloto chamado de Marreco estava acompanhado por outro piloto e atropelou o indígena na intenção de matar. O ofício afirmou que o "desprezível homicídio ocorrido na Região do Homoxi ataca às mais sensíveis liberdades individuais do Povo Yanomami, numa franca estratégia deliberada e sistemática de silenciamento e intimidação desse povo que busca resistir à destruição do seu modo de vida pela invasão do seu território por garimpeiros ilegais".

Em outro momento, a Condisi-YY ressalta que o "este episódio trágico e extremo se soma a muitos outros nos mais diferentes contextos, e, conforme expressamente apontado em diversos Ofícios encaminhados por este Conselho para as instituições representantes, mostrou-se que a provocação destas instituições não se converteu em medidas efetivas para sequer minimizar o problema da invasão da Terra Indígena Yanomami por criminosos".

Veja o documento enviado às autoridades na íntegra: 

Nesta 6ª feira, a equipe do SBT News entrou em contato com Fundação Nacional do Índio (Funai), que informou não ter a confirmação do fato relatado e que ainda não havia recebido o ofício do Condisi, mas que estava apurando o caso. Já a Polícia Civil de Roraima confirmou, por meio de nota, que, até a tarde desta 6ª, não havia registro de boletim de ocorrência relatando sobre o referido caso. E afirmou ainda que o Instituto de Medicina Legal (IML) não foi acionado para fazer a remoção do corpo. Ainda segundo a nota, a Delegacia Geral de Polícia Civil não recebeu nenhum documento do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuANNA. Já o MPF de Roraima informou que não havia recebido o ofício até à tarde de hoje, mas como o ofício é da data, pode ser que o órgão não tenha dado entrada no protocolo do MPF, mas, se ainda não chegou, provavelmente chegará em breve. 

A Terra Yanomami corresponde a 96 mil quilômetros quadrados e é considerada a maior reserva indígena do Brasil, concentrando os estados de Roraima e Amazonas. Mais de 29 mil indígenas vivem na região em mais de 360 comunidades. O local é alvo do garimpo ilegal desde a década de 1980, mas, nos últimos anos, a procura pelo ouro se itensificou na região, causando conflitos entre indígenas e garimpeiros.

Nesta 5ª feira, o SBT Brasil noticiou que, na mesma região, a PF e o Ministério Público (MP) em Roraima investigam uma nova denúncia da venda aos garimpeiros de vacinas destinadas aos índios Yanomamis. Cento e seis doses teriam sido trocadas por quinze gramas de ouro cada uma, segundo a denúncia do Conselho de Saúde Indígena Yanomami. 

Veja o vídeo do avião usado pelos garimpeiros e o local onde Edgar Yanomami teria sido atropelado:

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