Com pandemia, cresce número de alunos que pensam em desistir de estudar
Possibilidade de abandonar a escola passou de 26% no ano passado para 40% este ano
Um estudo feito com pais e responsáveis de estudantes da rede pública pelo Datafolha, em parceria com a Fundação Lemann, Itaú Social e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), mostra que quatro em cada dez estudantes da educação básica na rede pública de ensino podem abandonar os estudos devido a pandemia de covid-19.
De acordo com a pesquisa, o percentual de alunos que não estão motivados com as aulas, que não estão evoluindo nos estudos ou que manifestaram a possibilidade de desistir da escola cresceu, passando de 26% em maio do ano passado para 40% em maio deste ano.
Este número aumenta para estudantes de famílias com renda mensal de até um salário mínimo (48%) e para os que vivem em áreas rurais (51%). O risco de desistência também cresce entre os alunos que vivem no Nordeste (50%).
O estudo ainda aponta o impacto da pandemia na alfabetização de crianças. Segundo os pais e responsáveis entrevistados, 88% dos estudantes matriculados no 1º, 2º e 3º ano do ensino fundamental estão em processo de alfabetização. Deste total, cerca de 51% das crianças ficaram no mesmo estágio de aprendizado, 29% não aprenderam nada de novo e 22% desaprenderam o que sabiam.
Para 86% dos pais e responsáveis, o desempenho escolar dos seus filhos antes da pandemia era ótimo ou bom e, agora, esse índice caiu para 59%.
Aulas remotas
De acordo com a pesquisa, apenas 15% dos estudantes que estão tendo aulas ao vivo com o professor participam dos encontros onlines, enquanto 7% acompanham algumas aulas e 76% não participam de nenhuma.
Para 64% dos responsáveis pelos estudantes que estão tendo aulas em casa, a quantidade de atividades enviadas pela escola ou órgão responsável está adequada, e os demais se dividem entre aqueles que acreditam que deveria haver menos atividades (25%), mais atividades (10%) ou não opinou (1%).
A pesquisa quantitativa foi realizada entre os dias 22 de abril e 21 de maio de 2021, com abordagem telefônica, com responsáveis por crianças e adolescentes com idades entre 6 e 18 anos da rede pública, em todas as regiões do país.