Doria diz que atitude de Bolsonaro é "negacionista e criminosa"
Para o governador de São Paulo, comportamento do presidente durante a pandemia apenas prejudicou o país
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a criticar o comportamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia do novo coronavírus no Brasil. De acordo com o tucano, seu adversário político nunca ajudou, mas sim "prejudicou" o país ao longo dos 18 meses da crise sanitária.
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A declaração do governador paulista foi dada durante entrevista coletiva, realizada na tarde deste domingo (13.jun), no Palácio dos Bandeirantes. Na ocasião, Doria foi questionado sobre a atuação do governo federal na campanha de vacinação. "Em relação ao presidente Jair Bolsonaro, quero esclarecer que ele não ajuda São Paulo. Nunca ajudou ao longo dessa pandemia, só prejudicou. E não apenas São Paulo, mas o Brasil inteiro", afirmou.
Durante a 'motociata', Bolsonaro criticou o governador de São Paulo -- que multou o chefe do Executivo federal por participar sem máscara do ato. O presidente também voltou a condenar o isolamento social -- dizendo que ele "não tem comprovação científica", na contramão do que defendem os cientistas --, e afirmou que as medidas de restrição foram adotadas por um "governador que se diz democrata, mas é um ditador".
João Doria também atribuiu parte das 485 mil mortes por covid-19 registradas no país ao chefe do Executivo nacional. "Parte desses 200 mil jornalistas e dos 486 mil brasileiros que perderam a vida deve-se, exatamente, à atitude negacionista e criminosa do presidente da República". Ainda segundo o político, o Ministério da Saúde apenas cumpriu com a obrigação ao adquirir os imunizantes contra o novo coronavírus.
"O que fez (para colaborar) foi o Ministério da Saúde, através do SUS, que faz há 50 anos. Comprar vacina não é nenhuma ajuda, é obrigação", disparou.
"São Paulo não é a terra da cloroquina"
O discurso de João Doria ao anunciar a antecipação da campanha de vacinação em São Paulo foi repleto de indiretas ao presidente da República. Em dado momento, o governador paulista afirmou que o avanço na imunização era o resultado do "trabalho, planejamento e logística do sistema de saúde público do estado".
"Em São Paulo, a vacina vai vencer o vírus e a saúde vai vencer o negacionismo. Nós estamos ao lado da ciência [...] porque aqui não é a terra da cloroquina, é a terra da vacina", disse Doria, referindo-se à insistência de Bolsonaro com a cloroquina, medicamento que não possui nenhuma eficácia contra a doença.
O governador paulista também lamentou o elevado número de mortes em decorrência da covid-19 no Brasil. "Nós temos que chorar a morte de quase meio milhão de brasileiros. Quantos não poderiam ter sido salvos se tivéssemos comprado mais vacinas e tivéssemos iniciado mais cedo a vacinação, como nós sempre apregoamos aqui em São Paulo?", indagou.
Em seguida, Doria elogiou o trabalho dos profissionais de imprensa na cobertura da crise sanitária e criticou -- indiretamente -- Bolsonaro. "Em um país contaminado pela fakes news, vocês (jornalistas) têm sido fundamentais para salvar vidas, condenando atos, atitudes, iniciativas, gestos e palavras contra a vida e a existência. Que triste o país que precisa combater o coronavírus e o vírus do negacionismo".
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