Foragido nos EUA, Ramagem desafia Moraes e provoca sobre eventual pedido de extradição
Deputado afirma estar seguro no país norte-americano e critica decisão do STF que determinou sua prisão preventiva

Warley Júnior
Foragido nos Estados Unidos, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) desafiou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a enviar um pedido de extradição ao país norte-americano. O parlamentar foi condenado a 16 anos, um mês e 15 dias por tentativa de golpe de Estado.
Na semana passada, a Corte determinou o início do cumprimento das penas impostas aos condenados do núcleo 1, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em vídeo publicado nas redes sociais nesse domingo (1º), o deputado enviou um recado direto ao ministro.
"Se o Alexandre de Moraes quiser trazer algum pedido para minha extradição, ele vai ter que remeter para a análise de um juiz federal americano toda a ação do golpe que me envolve e o presidente Bolsonaro. Então, eu peço: traga para análise dos norte-americanos essa ação do golpe e nós vamos ver uma resposta enfática dos norte-americanos do que é uma juristocracia, uma ditadura, uma arbitrariedade que assola o Brasil agora", disse.
Ramagem deixou o Brasil em setembro, quando o STF julgou o núcleo considerado crucial da trama golpista. A Polícia Federal (PF) investiga se ele saiu pela fronteira com a Venezuela ou via Guiana. Após um vídeo mostrar o deputado caminhando em Miami, nos Estados Unidos, Moraes decretou prisão preventiva do congressista.
A esposa do deputado, Rebeca Ramagem, publicou um vídeo justificando a ida da família aos Estados Unidos.
"Há uma semana, desembarquei com minhas filhas nos EUA com um único propósito: proteger minha família. Hoje, infelizmente, não encontramos no país a garantia de uma justiça imparcial. Somos vítimas de lawfare e temos enfrentado uma perseguição política desumana", declarou.
A Câmara dos Deputados informou que não foi comunicada sobre a saída de Ramagem do país nem o autorizou a participar de missão internacional. Segundo a Casa, o parlamentar apresentou atestados médicos de três meses.
Nos Estados Unidos, Ramagem disse estar seguro "com a anuência e o conhecimento do governo americano". "É lógico que eu não ia ficar no Brasil [...] com as minhas filhas me vendo ser preso sem eu ter cometido crime algum, sofrendo diante de uma ditadura", falou o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O STF pode pedir a extradição de Ramagem, mas, antes, precisa encaminhar a solicitação ao governo brasileiro, responsável por enviar formalmente o pedido aos Estados Unidos.
A decisão final caberá ao governo Donald Trump, que já negou, em março deste ano, um pedido semelhante envolvendo o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.









