Bolsonaro deve passar hoje por novo procedimento para conter crise de soluços; entenda
Ex-presidente está internado em Brasília desde a última semana, quando passou por cirurgia para remoção de hérnia


Camila Stucaluc
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve ser submetido a um novo procedimento para tentar conter a crise de soluços. Segundo a equipe médica, está prevista para esta segunda-feira (29) o bloqueio do nervo frênico esquerdo, indicado para casos que não respondem a medicamentos.
Bolsonaro está internado no Hospital DF Star, em Brasília, desde 24 de dezembro. O ex-presidente, que cumpre pena por tentativa de golpe de Estado, passou por uma cirurgia para remoção de hérnia inguinal bilateral, após autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar de apresentar um quadro clínico controlado no pós-operatório, Bolsonaro vem registrando crises de soluços, bem como uma “elevação da pressão arterial” durante a noite.
No último sábado (27), o político passou por um bloqueio do nervo frênico do lado direito. Agora, fará o mesmo procedimento do lado esquerdo. De acordo com os médicos, não é recomendado realizar o bloqueio dos dois lados simultaneamente devido ao risco de complicações respiratórias, sobretudo no caso de Bolsonaro, hoje com 70 anos.
Os médicos indicaram que a expectativa de internação continua a mesma, em torno de cinco a sete dias, mesmo com o novo procedimento. Caso não ocorra como esperado, uma nova avaliação será feita para "ver o melhor caminho possível". "Após a realização do procedimento na segunda-feira, mais 48 horas pelo menos, se estiver tudo em ordem, provavelmente recebe alta hospitalar", disse o cirurgião geral Claudio Birolini.
Entenda o procedimento
O bloqueio do nervo frênico é um procedimento indicado em casos graves de soluço persistente, que não respondem a tratamentos com medicamentos. A intervenção, feita com anestesia local, interrompe temporariamente os sinais do nervo que controla o diafragma, ajudando a tratar soluços persistentes.
Como o diafragma está envolvido na respiração, o bloqueio é realizado em duas etapas e tanto a frequência cardíaca como o nível de oxigenação do sangue do paciente são monitorados durante e após o procedimento. Isso porque, embora o bloqueio possa reduzir crises persistentes de soluço, também há risco de provocar paralisia temporária do diafragma, levando a dificuldades respiratórias.
O risco é maior em pacientes com histórico de apneia do sono, tosse crônica ou outras comorbidades respiratórias — condições já relatadas por Bolsonaro.
“O bloqueio não é um tratamento definitivo. Ele funciona como uma prova terapêutica, mas pode trazer consequências importantes, como queda de saturação e até necessidade de ventilação assistida”, explicou Birolini. Segundo ele, a equipe médica estuda alternativas para solucionar as crises de soluço do ex-presidente.









