"Acontece", diz Netanyahu sobre ataque que matou 7 voluntários de ONG em Gaza
Cidadãos da Austrália, Reino Unido, Polônia e EUA estão entre as vítimas. Ataque provocou reações e críticas de aliados de Israel e a suspensão das operações humanitárias da World Central Kitchen em Gaza
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu lamentou o ataque aéreo "não intencional" das forças israelenses que matou sete agentes da organização World Central Kitchen (WCK) na Faixa de Gaza na noite de segunda-feira (1º). Segundo o premiê, "isso acontece em tempos de guerra".
"Infelizmente, no último dia, houve um trágico incidente de um ataque não intencional das nossas forças contra pessoas inocentes na Faixa de Gaza. Isto acontece na guerra", disse Netanyahu em um comunicado em vídeo. "Estamos verificando isto minuciosamente e estamos em contato com os governos. Faremos de tudo para que isso não aconteça novamente”.
Cidadãos da Austrália, Reino Unido e Polônia estão entre as sete vítimas, que também incluem um palestino e um cidadão com dupla nacionalidade dos Estados Unidos e Canadá.
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Os voluntários retornavam de uma missão no norte da Faixa de Gaza, em dois veículos blindados e com o logotipo da WCK, quando foram atingidos por drones militares. A região é a mais afetada pelo cerco instaurado por Israel em Gaza desde 9 de outubro. Sem acesso a comida, água e ajuda humanitária, centenas de milhares de civis palestinos no local correm o risco de morrer de fome.
Repercussão
Logo após o ataque, a WCK, fundada pelo famoso chef José Andrés, informou a suspensão imediata das operações da instituição de caridade na região. A decisão fez com que navios com toneladas de comida que partiram do Chipre com destino à Gaza, regressassem ao país sem que as remessas fossem entregues.
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"O governo israelita precisa pôr fim a esta matança indiscriminada. É preciso parar de restringir a ajuda humanitária, parar de matar civis e trabalhadores humanitários e parar de usar os alimentos como arma", afirmou. "A paz começa com a nossa humanidade partilhada. Precisa começar agora"
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, se disse indignado com mais um ataque a trabalhadores humanitários
"Estamos indignados com o assassinato de trabalhadores humanitários em Gaza. A segurança é um requisito básico para a prestação de ajuda vital", afirmou no X, antigo Twitter.
Crise diplomática
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, convocou o embaixador de Israel no país para explicações sobre o episódio. Três das sete vítimas tinham nacionalidade britânica.
O governo da Polônia criticou a "falta de cumprimento do direito humanitário internacional" por Israel e expressou condolências à família do voluntário polonês morto.
O presidente da Espanha, Pedro Sanchez, afirmou estar horrorizado com as mortes e prestou solidariedade ao chefe José Andres, que é espanhol.