Após um ano, inquérito sobre trabalho análogo à escravidão em vinícolas ainda não foi concluído
207 pessoas que trabalhavam na colheita da uva em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, foram resgatadas
Há um ano, 207 pessoas que trabalhavam na colheita da uva em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, foram resgatadas de condições semelhantes à escravidão. A notícia chocou o país, mas o inquérito que apura o crime, até agora, não foi concluído.
Parte do grupo fugiu e denunciou o alojamento precário, jornadas exaustivas, refeições estragadas, falta de pagamento e o pior: as agressões físicas. A maioria das vítimas era da Bahia.
"Era como se a gente fosse um bicho para trabalhar só e acabou. Eu já achei outras vagas para outros lugares, mas não quis ir com medo de acontecer a mesma coisa outra vez, de ter que passar tudo outra vez", conta Uanderson Davi Santos Ribeiro.
As três vinícolas que contrataram a Fênix, empresa responsável pelo alojamento, fizeram um acordo de R$ 7 milhões com o Ministério Público do Trabalho. Uma parte do dinheiro foi usada para pagar indenizações às vítimas.
As vinícolas foram obrigadas a cumprir 21 melhorias das condições de trabalho, mas o alojamento onde aconteceu o resgate não fechou. Recentemente, parte do prédio foi interditada novamente por falta de condições.
O dono da prestadora de serviço, Pedro Augusto de Oliveira Santana, que intermediava as contratações, chegou a ser preso, mas foi solto depois de pagar fiança.
Um ano depois, a Polícia Federal ainda não concluiu o inquérito que apura o crime de trabalho semelhante à escravidão. Novas perícias serão realizadas.
Enquanto isso, as vítimas aguardam o julgamento da ação civil coletiva, na Justiça do Trabalho, contra a empresa Fênix para receber a indenização por danos morais e as verbas rescisórias previstas na lei.