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Economia

Governo estima que acordo Mercosul-UE terá impacto de R$ 37 bilhões sobre PIB do Brasil

Projeção da equipe econômica é para o ano de 2044, quando todas as reduções de tarifa de importação estarão em vigor

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Ursula von der Leyen e presidente Lula | Ricardo Stuckert
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O acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), anunciado nesta sexta-feira (6), pode ampliar o fluxo comercial entre o Brasil e os países europeus em R$ 94,2 bilhões, um crescimento de 5,1% em relação ao volume atual, segundo estimativas do governo federal. O impacto no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode chegar a R$ 37 bilhões, representando um aumento de 0,34% na economia nacional.

+ Lula celebra avanços no Mercosul e destaca novo acordo com a União Europeia

O presidente Lula celebrou o novo acordo Mercosul-UE, que, segundo ele, é "moderno e equilibrado", diferindo da versão apresentada em 2019.

"Conseguimos preservar nossos interesses em compras governamentais, o que nos permitirá implementar políticas públicas em áreas como saúde, agricultura familiar e ciência e tecnologia", disse durante a 65ª cúpula do Mercosul, no Uruguai, onde o acordo foi anunciado.

Para o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o acordo abre um vasto campo de oportunidades. “Estamos falando de mais de 27 países da União Europeia, dos mais ricos do mundo. São muitas oportunidades e ganhos recíprocos. Pode ajudar a fazer o PIB do Brasil crescer mais, as exportações brasileiras crescerem, a renda e o emprego crescerem e derrubar a inflação", afirmou em coletiva de imprensa.

"Os estudos mostram que as exportações para a União Europeia poderiam crescer na agricultura 6,7%, nos serviços 14,8% e na indústria de transformação 26,6%”, completou.

Impacto projetado para 2044

Como a redução das tarifas de importação é gradual, o impacto estimado pela equipe econômica é para o ano de 2044. A estimativa é de um aumento de R$ 42,1 bilhões nas importações vindas da União Europeia e de R$ 52,1 bilhões nas exportações brasileiras, considerando o ano base 2023. Além disso, prevê-se um acréscimo de R$ 13 bilhões em investimentos no Brasil, um aumento de 0,76%. Os benefícios incluem ainda uma redução de 0,56% nos preços ao consumidor e um incremento de 0,42% nos salários reais.

Setores e prazos

Os períodos de redução tarifária variam conforme os setores. No Mercosul, a eliminação das tarifas sobre produtos europeus poderá ser imediata ou ocorrer ao longo de 4 a 15 anos. Para o setor automotivo, os prazos são mais extensos, chegando a 30 anos para veículos eletrificados e movidos a hidrogênio. Na UE, a redução de tarifas segue cronogramas que vão de 4 a 12 anos, dependendo do produto.

No entanto, o acordo estabelece cotas para diversos produtos agrícolas brasileiros, como carne suína, açúcar, arroz e etanol. Quantidades que excedam as cotas estarão sujeitas a tarifas completas para entrar no mercado europeu.

Relação comercial estratégica

A União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Em 2023, a corrente de comércio entre o Brasil e o bloco europeu alcançou cerca de US$ 92 bilhões, representando 16% do comércio exterior brasileiro. No mesmo ano, o Brasil exportou US$ 46,3 bilhões para a UE e importou US$ 45,4 bilhões, segundo dados do Banco Mundial e do Eurostat.

Desafios e próximos passos

Apesar do entusiasmo com o acordo, ainda há etapas burocráticas para sua implementação. O texto precisa ser traduzido para os 24 idiomas oficiais da União Europeia e aprovado pelos parlamentos dos países-membros, além do Conselho Europeu. No Mercosul, as ratificações pelos legislativos de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai são essenciais.

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