Redes de telecom em risco: cabos roubados dariam duas voltas na rota Brasília–SP–Rio–Brasília, diz Griselli
CEO da TIM Brasil assume a presidência da Telebrasil e da Conexis; defende que a conectividade seja um motor de cidadania e inclusão

Jessica Cardoso
Alberto Griselli, CEO da TIM Brasil e novo presidente da Telebrasil e da Conexis, alertou nesta terça-feira (2) que os roubos e furtos de cabos de telecomunicações no país já ultrapassam 4.500 quilômetros.
“Uma distância maior que o dobro do percurso Brasília–São Paulo–Rio de Janeiro–Brasília”, afirmou durante a 51ª edição do Painel Telebrasil, realizada em Brasília.
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Segundo Griselli, o impacto da prática criminosa atinge muito mais do que as operadoras de telecomunicações.
“É uma escola que fica offline, um posto de saúde que para de funcionar, um comércio que fica sem sistema”, disse.
Ele também declarou que a nova lei sobre furtos de infraestrutura, sancionada pelo presidente Lula (PT) em julho, é um avanço, mas pediu vigilância constante: “Segurança da infraestrutura é, acima de tudo, garantia de serviço ao cidadão. Não podemos baixar a guarda”.
Griselli assumiu o comando das duas associações nesta terça-feira (2). Em seu discurso, disse que ocupa a função com um “profundo senso de responsabilidade e de propósito”. Para ele, a conectividade deve ser vista não apenas como infraestrutura, mas como motor de cidadania, inclusão e competitividade.
O executivo também destacou os avanços do 5G no Brasil durante sua fala, que já cobre quase 70% da população e superou 60% das metas previstas para 2026 em menos de quatro anos.
Segundo Griselli, a qualidade da rede brasileira já apresenta níveis superiores aos dos Estados Unidos e da Europa. Ele também afirmou que dados da Opensignal apontam que o país tem hoje a terceira internet móvel mais rápida do mundo.
Outro ponto ressaltado foi a acessibilidade ao 5G. Apesar da alta carga tributária, o preço médio do gigabyte está em torno de R$ 1,90, “um dos mais baixos da América Latina, segundo o JP Morgan”, afirmou o CEO. Essa combinação, disse, viabilizou inovações como o Pix, que já soma mais de 63 bilhões de transações anuais.
Griselli também citou a expansão da inteligência artificial no país.
“O Brasil é o terceiro maior usuário do ChatGPT no mundo, com 43 milhões de pessoas. Até 2030, esse número pode saltar para 165 milhões. Isso só será possível com inovação em redes e serviços de telecomunicações”, afirmou.
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Para sustentar esse avanço, o setor defende equilíbrio entre investimentos e políticas públicas. O executivo concluiu defendendo que a digitalização da economia pode acrescentar R$ 1 trilhão ao PIB brasileiro por ano até 2030.
“O caminho para um Brasil Digital está na integração de setores estratégicos rumo à maior eficiência, produtividade e melhor uso dos recursos. E, falando em recursos, essa gestão mais responsável se tornará invariavelmente uma resposta da tecnologia às urgências ambientais e climáticas”, disse.