Contra China, Estados Unidos vão investir mais de US$ 5 bilhões em subsídios para indústria de chips
Nova Indústria Brasil prevê investimento de US$ 440 milhões no seu plano de desenvolvimento de chips e semicondutores
Os Estados Unidos anunciaram o investimento de US$ 5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de chips semicondutores. Este valor faz parte da Lei dos Chips e da Ciência (CHIPS and Scicence Act) que visa promover e financiar a indústria de semicondutores e chips eletrônicos no país.
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A lei está em vigor desde agosto de 2022 e visa ser um marco nas políticas de indústria, ciência e tecnologia norte-americano.
A lei também aborda a restrição de exportação dos componentes, tecnologia e equipamentos para a China.
A regra é mais uma medida para conter o avanço da tecnologia chinesa nos Estados Unidos, acirrando uma guerra comercial que ficou mais intensa com a ascensão da inteligência artificial
+ Confira a Lei dos Chips em vigor nos Estados Unidos (em inglês)
Japão, China e Alemanha também seguem na corrida do desenvolvimento de chips semicondutores para desenvolver seus parques tecnológicos e de inovação.
Nova Indústria Brasil vai investir US$ 440 milhões em chips
No final de janeiro, o governo brasileiro anunciou o programa "Nova Indústria Brasil (NIB)", com aporte de até R$ 300 bilhões (US$ 60 bilhões) até 2026 para o financiamento, fortalecimento e desenvolvimento da indústria brasileira.
+ Confira o Plano de Ação do Nova Indústria Brasil (pdf)
Dentro dos recursos do NIB, o governo federal vai investir R$ 2,18 bilhões (US$ 440 milhões) no programa "Mais Inovação", para financiar projetos para o desenvolvimento de semicondutores, tecnologias digitais e disruptivas para vários setores.
Agro, defesa, mobilidade sustentável, mobilidade aérea, resíduos urbanos e industriais, saúde, energias renováveis e bioeconomia estão entre os beneficiados pelo programa. Serão 11 chamadas públicas, destas 10 são de subvenção econômica, ou seja, recursos que não são reembolsáveis para empresas e uma de recursos não-reembolsáveis para ICTs da Saúde.
Com isso, o governo espera compartilhar com as empresas os custos e riscos inerentes a atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação, que possam gerar benefícios à sociedade brasileira. Os recursos vão sair do BNDES, Finep e Embrapii e devem financiar a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias no Brasil.
O NIB é semelhante ao Plano Safra, que foi criado em 2003 para desenvolver a agricultura e pecuária, considerada uma das mais modernas e avançadas do mundo.
Ceitec entra nos planos
Após o governo federal suspender a privatização do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), agora o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) deve definir um futuro para estatal que é considerada um ativo estratégico importante para o Brasil.
Criada em 2008, para inserir o Brasil no mercado de chips semicondutores, a Ceitec é a única fabricante de chips da América Latina.
A empresa tem capacidade de fabricar chips etiquetas eletrônicas, sensores utilizados em meios de pagamento eletrônico, como cartões de débito ou crédito, além das tags, aparelhos de pagamento rápido em pedágios.
No mundo, Taiwan domina mais da metade do mercado global, onde todos os grandes nomes da indústria de tecnologia são seus principais clientes. Sua principal empresa, a TSMC fabrica chips para mais de 10 mil produtos diferentes.
Em 2020, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou privatizar a empresa por meio do Decreto Lei 10.578/2020, sob justificativa de que a Ceitec não se sustentava economicamente.
O governo pretendia atrair investimentos privados para trazer fábricas estrangeiras para fazer o produto no país.
Porém, em setembro de 2021, o Tribunal de Contas da União (TCU) paralisou o fechamento da empresa para pedir mais informações sobre os motivos da inclusão da empresa entre as companhias a serem privatizadas.
Após a vitória de Luis Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022, a Ceitec entrou nos planos do novo governo para desenvolver um ecossistema de inovação no país.
+ Governo Lula define grupo interministerial para reverter a liquidação da Ceitec