Conheça o Character.AI: chatbot cocriado por brasileiro entrou em polêmica após morte de jovem nos EUA
Ferramenta que simula interação em texto, áudio e ligações com personalidades tornou-se muito popular em vários países
Agora, é possível trocar mensagens e conversar com celebridades famosas e até simular amizade com elas, tudo isso proporcionado por inteligência artificial.
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A ferramenta Character.AI, lançada em 2021, permite simular conversas com celebridades e personagens de filmes, séries, videogames, figuras históricas e até filósofos. Isso possibilita interações com nomes como Barack Obama, Albert Einstein, o filósofo Platão, o bilionário Elon Musk e o imperador romano Júlio César.
O funcionamento é semelhante ao de outras plataformas de IA, como ChatGPT, Copilot ou Claude. A interação pode ser feita por mensagens de texto, áudio e até ligações, permitindo que o usuário simule conversas com as personalidades trazendo uma experiência mais real.
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A empresa foi criada por dois ex-funcionários do Google — o brasileiro Daniel de Freitas e o norte-americano Noam Shazeer — e foi adquirida pelo Google no início de agosto deste ano.
A ferramenta oferece a possibilidade de interagir com personalidades famosas, como Anitta, Albert Einstein e Elon Musk, por meio de chatbots. Em cada interação, a plataforma emite um alerta: “Lembre-se, tudo o que os personagens dizem é inventado”.
Com mais de 20 milhões de downloads e 215 milhões de visitas, segundo o site Similarweb, o aplicativo tem os Estados Unidos como líder em downloads (5 milhões, ou 20%). Em seguida, vêm Brasil (2 milhões, ou 8%), Rússia (20%), Indonésia (7%) e Filipinas (6%).
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Os usuários podem criar amigos virtuais inspirados em personalidades ou figuras anônimas. O tempo médio de uso do aplicativo é de 12 minutos.
A empresa garante que as conversas dos usuários são privadas e só podem ser acessadas pela equipe “por motivos de segurança”.
Mãe processa Character.AI e Google após suicídio do filho
Nesta semana, uma mãe na Flórida, EUA, entrou com processo contra a Character.AI e o Google, acusando-os de provocar o suicídio do filho de 14 anos, Sewell Setzer, em fevereiro deste ano.
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Megan Garcia, a mãe do adolescente, alegou que o filho ficou “viciado e profundamente apegado ao chatbot”, o qual teria promovido “experiências antropomórficas, hipersexualizadas e assustadoramente realistas”.
“Um aplicativo de chatbot de IA perigoso, comercializado para crianças, abusou e manipulou meu filho, levando-o a tirar a própria vida”, declarou Megan Garcia.
Brasileiro é cofundador do aplicativo e 1º bilionário da IA no Brasil
Daniel de Freitas é um dos principais nomes da inteligência artificial no Brasil. Depois de fundar, com Noam Shazeer, a Character.AI em 2021, a empresa foi adquirida pela gigante Google, e Freitas voltou a trabalhar na DeepMind, divisão de IA do Google.
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Freitas especializou-se no desenvolvimento de chatbots treinados com grandes modelos de linguagem (LLMs). Com a venda da Character.AI, ele entrou na lista da revista Forbes como a 244ª pessoa mais rica do mundo, tornando-se o primeiro bilionário brasileiro da IA.
O engenheiro é formado em Engenharia da Computação pela Universidade de São Paulo (USP). Em 2012, foi para os Estados Unidos trabalhar na Microsoft, onde também estudou na Universidade de Stanford.
No último ano na Microsoft, começou a se especializar em modelos de linguagem natural e IA para o buscador Bing.
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Freitas seguiu para o Google, onde integrou a equipe responsável pela LaMDA, uma inteligência artificial de texto que, em 2023, foi alvo de especulações sobre possível consciência e acabou sendo a base para a criação do chatbot Bard.
Foi no Google que Freitas conheceu Noam Shazeer, e juntos criaram a Character.AI. A startup, avaliada em US$ 1 bilhão após receber um aporte de US$ 150 milhões do fundo Andreessen Horowitz, alcançou o status de unicórnio. No meio deste ano, foi valorizada em US$ 5 bilhões, quando foi adquirida pelo Google.