Brasil é país com mais capacidade de resistir a falhas de internet no mundo
País está à frente até dos Estados Unidos em ranking de confiabilidade. Mesmo se ficar isolado do resto do planeta, garantirá acesso à maior parte dos conteúdos das redes
O Brasil é considerado o país mais resistente a falhas da rede de internet mundial. É o que aponta o Relatório Mundial de Confiabilidade do Segmento da Internet de 2023.
O país é o único da América do Sul a estar entre os 10 primeiros. A Argentina está na 19º posição. Os Estados Unidos estão um lugar a frente, na 18ª colocação.
Veja o top 10:
- Brasil
- Alemanha
- Holanda
- Reino Unido
- Ucrânia
- Irlanda
- Canadá
- França
- Suíça
- Polônia
Segundo o especialista entrevistado pelo SBT News, Milton Kaoru Kashiwakura, isso acontece porque os principais conteúdos da Internet no Brasil, que vêm das big techs (Google, Meta, Netflix, Amazon, Micosoft), têm servidores em datacenters (locais de armazenamento de dados) no país. Na prática, isso quer dizer que, mesmo se a conexão via cabos submarinos com o mundo for interrompida, a maior parte dos conteúdos da rede ainda seria preservada.
"No caso dos danos dos cabos submarinos no Mar Vermelho, diria que só aqueles que comunicam com parentes ou têm negócios nos países afetados sentem. Os principais serviços e conteúdos utilizados pelos nossos usuários estão no Brasil e nos Estados Unidos e em nada foram afetados.", diz Kashiwakura
Na última segunda-feira (4), danos em cabos submarinos de telecomunicações no Mar Vermelho afetaram conexões em países da Ásia, Europa e Oriente Médio.
Kashiwakura é diretor de projetos especiais e de desenvolvimento do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), entidade criada para implementar as decisões e os projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil - CGI.br, que é o responsável por coordenar e integrar as iniciativas e serviços da internet no Brasil.
Quem são os donos dos cabos submarinos?
De acordo com a apresentação do 14º Fórum da Internet, as big techs também são as maiores investidoras em novos cabos desse tipo no mundo. Um sistema de cabos intercontinental e transoceânico pode chegar a custar US$ 1 bilhão. Um dos principais riscos das transmissões de internet via cabo submarino, segundo o especialista, é o tempo de reparo no caso de algum incidente.
Kaoru ressalta que, apesar da independência do país, o maior desafio é a região Norte, que ainda sofre com falta de banda larga quando há problema em alguma das rotas que atende Manaus. As grandes distâncias e os altos custos para atender a região, que tem uma população pouco concentrada, acabaram abrindo espaço para a internet via satélite.
Onde está a maior parte dos cabos submarinos de internet do Brasil?
Em Fortaleza, no Ceará, chega a maior parte dos cabos vindos dos Estados Unidos, das Américas Latina e Central, da Europa e da África. A maioria segue para Rio de Janeiro e São Paulo (Santos e Praia Grande) e apenas um passa por Salvador.
Inicialmente, os cabos submarinos internacionais foram utilizados no Brasil para explorar a telegrafia elétrica entre o país e o continente europeu, a partir de 1872.