"Made in Brasil": UFSC desenvolve protótipo de carro autônomo elétrico
Veículo ERA-222 é o segundo do tipo Fórmula autônomo desenvolvido nas Américas
Cido Coelho
Pesquisadores estudantes de engenharia e de computação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), finalizaram o primeiro protótipo de carro autônomo elétrico. O carro dirige sozinho, sem ajuda de um motorista.
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O protótipo ERA-2222 é movido por um motor elétrico e tem tecnologia avançada de inteligência artificial, que detecta cones, além do planejamento da trajetória, sem interferência humana direta.
O carro está equipado com um atuador na direção, para controlar o volante, um freio de emergência e um sistema de emergência remoto em caso de falha.
O veículo tem também um sistema de câmeras inteligentes que permite prever a posição dos objetos e do próprio carro -- sendo um diferencial em relação à maioria dos veículos autônomos do mundo.
Os estudantes e pesquisadores da UFSC, que formam a equipe Ampera Racing, fizeram um levantamento de custo de sensores e optaram pela escolha das câmeras em relação ao LIDAR -- que faz o reconhecimento de terreno e obstáculos --, que possui um conjunto de lasers que faz o mapeamento do seu espaço e arredores.
Além disso, foi considerado também que além do alto custo, de R$ 20 mil cada sensor, foi considerado os riscos de uma exposição ampliada e contida de lasers para as pessoas.
O desenvolvimento do carro, que tem a participação de mais de 80 pessoas, torna-se um aprendizado amplo, pois o veículo traz conhecimentos técnicos, além dos conhecimentos gerenciais, que fazem o carro aprender o carro a andar sozinho.
"Foram várias placas queimadas, baterias explodidas e decepções ao longo do caminho, mas isso representa muito a Ampera Racing, ver as coisas dando muito errado mas conseguindo ser resiliente e dar a volta por cima", relata Guilherme.
2º projeto do tipo nas Américas
O ERA-2222 é o segundo tipo de veículo Fórmula autônomo nas Américas, sendo que o pioneiro foi um construído na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Como no Brasil não existe uma categoria de carros driveless (sem motorista), específica para carros autônomos, é esperado que o veículo possa ser uma forma de abrir espaço na competição universitária Fórmula SAE Brasil, onde pode ter uma demonstração dos carros da Unicamp e da UFSC.
"Fazer um carro autônomo por si só já é um enorme desafio, pois não é algo que você aprende dentro da universidade, e não existe um ?passo a passo? disponível na internet. Acredito que o maior desafio foi ter tomado a decisão de se arriscar nesse projeto, pois iria requerer um nível de complexidade enorme adicionado no carro, conhecimentos novos, investimento de dinheiro por parte da Ampera e muitas horas de trabalho", afirma Guilherme Mendes de Andrade, estudante de Engenharia de Controle e Automação e diretor de Sistemas Autônomos da equipe de competição.
O projeto foi iniciado como um Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Mecânica da estudante Laíza Parizotto, que fez uma pesquisa intitulada "Detecção de cones com rede convolucionais para veículo autônomo de Fórmula SAE"
O trabalho foi considerado um dos "melhores TCCs já feitos no Centro Tecnológico da UFSC" relatou Mertens.
Em meados de 2021, o projeto foi aprovado no processo seletivo para a criação de um carro autônomo.
O carro autônomo foi orientado pelo professor do Departamento de Informática e Estatística da UFSC Aldo von Wangenheim e contou com apoio do Laboratório de Processamento de Imagens e Computação Gráfica (Lapix), do Laboratório de Integração Software/Hardware (Lisha) e do Programa de Educação Tutorial -- Metrologia e Automação (PET-MA).
Próximo carro em desenvolvimento
A equipe Ampera Racing agora pensa em construir um próximo carro, com foco em sensoriamento. A ideia é apostar em um aparelho de GPS recebido de uma das empresas patrocinadoras, para melhorar o veículo. O GPS que está com os estudantes e pesquisadores é o mesmo utilizado em espaçonaves e pelo exército dos Estados Unidos. Com isso, garantindo um carro autônomo mais assertivo e preciso, pois, um GPS convencional, ou comercial, tem uma margem de erro na casa dos metros, diferente deste equipamento que está em poder da equipe da UFSC.
"Essa precisão deixará nosso próximo carro com uma performance muito melhor, mas também queremos comprar um Lidar de longo alcance, sensor utilizado para estimar com precisão a distância dos objetos na pista em relação ao carro e estamos indo atrás de patrocínio", ressalta Guilherme.
O carro está em exposição no Campus Universitário Trindade, em Florianópolis, capital catarinense.
Assista abaixo o teste do protótipo:
[1/5] A equipe de competição Ampera Racing, formada por estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), finalizou seu primeiro projeto de carro autônomo ? que dirige sozinho, sem motorista para conduzi-lo! pic.twitter.com/y5zzfadvgz
? UFSC (@UFSC) March 6, 2023