Internet encarece no Brasil e no mundo em 2021, diz UIT
Estudo de agência da ONU mostra variação nos preços para serviços fixos e móveis; consumidores sacrificam custos para manter serviço
O estudo da União Internacional de Telecomunicações (UIT), braço de Tecnologia, Informação e Comunicação da ONU, em conjunto com a Aliança para Uma Internet Acessível (A4AI) mostra que em 2021, os pacotes de internet fixa estão menos acessíveis, inclusive no Brasil, devido a falta de renda para custear os serviços. Os consumidores chegam a sacrificar outros custos para manter a internet no seu cotidiano.
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O levantamento divulgado na 5ªfeira (17.mar) mostra a análise dos valores cobrados por operadoras de telecomunicações para diferentes cestas de serviços e concluiu que ficou mais caro usar a internet e o celular.
Cinco cestas de serviços foram analisadas: uma com a franquia de dados de 2GB; outra de telefonia móvel, com 70 minutos de voz, 20 SMS e franquia de 500 MB; a terceira com 140 minutos de voz, 70 SMS e franquia de 2GB; outra com apenas 70 minutos de voz e envio de 20 SMS; e por último um plano de banda larga fixa com franquia mínima de dados de 5GB.
Os preços relativos a banda larga em 2021 representaram 3,5% do PIB per capita global em 180 países - acima dos 2,9% registrados em 2020.
"Os serviços de banda larga deixaram de ser um mero luxo" diz o secretário-geral da UIT, Houlin Zhao, que também ressalta que este aumento do custo para as famílias aconteceu durante a pandemia da covid-19.
Com isso, houve um aumento da demanda, sendo que a conexão de internet tornou-se uma ferramenta fundamental de trabalho e serviços.
"Eles são uma necessidade para comunicação, teletrabalho, educação online e outros serviços essenciais. Ainda assim, devemos abordar urgentemente a questão da acessibilidade se esperamos alcançar nosso objetivo de conectividade universal e significativa", diz Zhao em nota divulgada pela UIT.
Cresce a desigualdade no acesso a banda larga
O relatório também apontou que aumentou o abismo entre ricos e pobres no acesso as telecomunicações. Poucos países atingem a meta de custo de até 2% do PIB nacional para o serviço básico de banda larga, conforme estabelecido pela Comissão de Banda Larga das Nações Unidas.
Além disso, os consumidores destas economias de média ou baixa renda normalmente pagam de cinco a seis vezes mais, em relação à sua renda para usufruir os serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs), em relação aos consumidores de economias de alta renda em 2021. A executiva da A4AI classificou a situação como 'indesculpavelmente alta'.
"A diferença de acessibilidade de acesso à Internet entre aqueles que vivem em países de baixa e média renda e aqueles que vivem em países de alta renda é indesculpavelmente alta", disse Sonia Jorge, Diretora Executiva da A4AI.
Sonia também destacou que os setores público e privado devem trabalhar juntos para conectar a humanidade para possibilitar o acesso à internet fácil e significativo para todas as camadas de renda.
"As pessoas nas áreas rurais e as mulheres em todos os lugares são desproporcionalmente afetadas. Uma falha contínua em resolver isso piora a situação para aqueles que mais precisam de ajuda", completa.
96 países atingiram a meta de tarifas de banda larga móvel
Segundo a Comissão de Banda Larga da ONU, 96 economias cumpriram o objetivo de manter os preços da tarifa da banda larga móvel para dados no ano passado. Em 2020 eram 103 países.
Além disso, 64 países conseguiram atingir a meta de preços da Comissão para preços de banda larga fixa, antes eram 66 nações em 2020.
A UIT ressalta que estes dados apontam para um alerta de que é necessária a melhoria para que seja possível ampliar o alcance da banda larga para mais pessoas.
"Os últimos anos provaram que a conectividade é vital. À medida que avançamos para a recuperação pós-pandemia, precisamos tornar a conectividade acessível a todos para garantir que não deixemos ninguém para trás nesta era digital", explica Doreen Bogdan-Martin, diretora do Departamento de Desenvolvimento de Telecomunicações da UIT.
Entre os 46 países menos desenvolvidos no mundo, a Internet de banda larga fixa ou móvel alcança a meta de 2% do PIB apenas para Bangladesh, Butão, Mianmar e Nepal.
Corte de despesas para manter o serviço mais caro
O levantamento da UIT e da A4AI mostram também que com o aumento do custo do serviço de banda larga, de até 8% em 2021, os consumidores sacrificaram seus gastos para manter a internet.
O número de assinaturas de banda larga fixa e móvel seguiram crescendo e, segundo o comunicado, isso sugere que "as pessoas estavam cortando outras despesas para poder continuar usando a Internet".
O cenário aponta que isso acontece por conta da desaceleração econômica global, provocada pela pandemia.
Apesar do aumento do custo do serviço, a UIT ressaltou que as operadoras de banda larga em vários países tem aumentado a franquia de dados nas cestas de referência e que os usuários que podiam pagar essas cestas, receberiam maior valor pelo dinheiro.