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Perspectivas: Natal terá "torta de climão?" especialista diz que famílias seguem dividas por eleição

Analista político Thomas Traumann diz que brasileiros não querem fazer as pazes e famílias seguem rachadas

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Em entrevista concedida ao programa Perspectivas, o analista político Thomas Traumann afirmou que as famílias ainda devem permanecer divididas por conta das eleições de 2022, que foram polarizadas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Ao lado do cientista político Felipe Nunes, ele lançou o livro "Biografia do Abismo" que aborda a polarização da sociedade brasileira. 

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Em tom de brincadeira, a jornalista e apresentadora do Perspectivas, Débora Bergamasco, perguntou ao especialista se o Natal deste ano ainda teria "torta de climão". Traumann respondeu que sim.

"O capítulo mais difícil desse livro foi tentar explicar: tem saída, com a gente faz, como a gente resolve, como sai dessa? Tem aquelas soluções fácies de falar: se os políticos falarem melhor e pararem de brigar, se o STF tiver posição menos vocal, se o Congresso tentar menos CPIs, se a mídia parar de fazer tantos caça-cliques nas redes, mas isso não resolve", disse.  

Thomas defende no livro que a polarização é algo positivo, mas até certo ponto. No Brasil, a polarização chegou a um extremo. Segundo ele, as bolhas (do lulo-petismo e do bolsonarismo) estão de costas uma para as outras, fazendo existir um abismo, impedindo o diálogo. 

Segundo ele, a chegada de Bolsonaro ao poder acirrou a situação pelo chamado "viés de confirmação". No Brasil e no mundo, políticos de direita conseguiram fazer com que seus eleitores deixassem de acreditar na mídia tradicional e passassem a consumir informação pelas redes sociais, quase que exclusivamente. 

Com isso, essas pessoas recebem apenas conteúdos que corroboram suas ideias, sem espaço para o contraditório, o que contribui ainda mais para esse afastamento das bolhas. Isso também é usado pela esquerda, mas, especialmente no Brasil, a direita fez maior uso dessa estratégia. 

Segundo Thomas, a polarização que gerou brigas entre amigos e família não será resolvida em Brasília, mas deve partir das próprias pessoas. "O problema é da sociedade. Ele não vai se resolver, não é Lula e o Bolsonaro. Mesmo se os dois sentares, olha só vamos junto para o Brasil, não vai conseguir. As pessoas estão divididas. Isso só se resolver se a gente quiser resolver, se as pessoas quiserem se reconciliar", disse. 

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