No Catar, Copa escancara problema de direitos trabalhistas
Investigação de jornal inglês estima que mais de 6 mil pessoas tenham morrido por exaustão

Sérgio Utsch
A Copa do Mundo deu visibilidade a um problema grande e antigo no Catar: os direitos trabalhistas dos imigrantes. A questão colocou a ditadura do país do Oriente Médio na mira de organizações internacionais.
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Trabalhadores do país estendem suas longas jornadas de trabalho, sem direito de hora extra, tampouco descanso semanal. E mais ainda: algumas empresas se associam a agências que cobram pelas vagas de emprego e fazem com que muitas pessoas comecem a trabalhar com dívidas. "Alguns têm que trabalhar até um ano só para pagar", diz o faxineiro do Sri Lanka, que gastou seis meses de salário para quitar a dívida dele com os agenciadores.
Além disso, há mortes. Investigações do jornal britânico The Guardian mostram que 6.500 trabalhadores morreram em construções para que o mundial pudesse acontecer. Boa parte perdeu a vida por exaustão. O governo do Catar, por sua vez, questiona esses números e diz que essas vítimas não chegam a 40 pessoas.
Por conta da pressão, o governo agora permite, por exemplo, que os operários mudem de emprego, caso não estejam satisfeitos. Permite também que tenham um salário mínimo equivalente a R$ 1.500. Isso em um país com preço de padrão europeu.
Organizações como a Anistia Internacional e a Human Rihgts Watch pedem para que a Fifa e o governo do Catar paguem uma compensação aos trabalhadores explorados, que se ferirem e, também, para as famílias daqueles que morreram. A seleção da Alemanha, inclusive, abraçou a campanha por compensação. Jogadores dos Estados Unidos e da Inglaterra também e convidaram os trabalhadores para um bate-bola.