Uso de celular no vaso sanitário pode aumentar risco de hemorroidas, aponta estudo de Harvard
Pesquisadores observaram que quem leva o smartphone para o banheiro costuma ser mais jovem do que aqueles que não têm esse hábito; entenda

Wagner Lauria Jr.
O hábito cada vez mais comum de levar o celular para o banheiro pode ter consequências para a saúde. Um estudo conduzido pelo Centro Médico Beth Israel Deaconess e a Escola Médica de Harvard, publicado na revista PLOS One, revelou que o uso de smartphones no vaso sanitário está associado a um risco 46% maior de hemorroidas.
A pesquisa analisou 125 pacientes submetidos à colonoscopia. Desses, 66% admitiram usar o celular no banheiro, sendo que 37,3% permaneciam mais de cinco minutos sentados a cada visita, contra apenas 7,1% dos que não usavam o aparelho. No total, 43% apresentaram hemorroidas detectadas no exame.
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Segundo os autores, o problema não está no celular em si, mas no tempo prolongado sentado no vaso, que aumenta a pressão nas veias da região anal. Ler notícias (54,3%) e navegar em redes sociais (44,4%) foram as atividades mais relatadas pelos participantes.
Os pesquisadores também observaram que os usuários de smartphone no banheiro eram, em média, mais jovens (55,4 anos) que os não usuários (62,1 anos) e apresentavam níveis menores de atividade física.
A recomendação dos pesquisadores é limitar o tempo a menos de cinco minutos por visita.
O que você precisa saber sobre hemorroidas
As hemorroidas são mais comuns do que se imagina: o National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIDDK), dos EUA, estima que 75% das pessoas terão o problema ao longo da vida, especialmente entre os 45 e 65 anos e durante a gravidez. A prisão de ventre crônica está entre as principais causas.
Nem todo esforço para evacuar leva à doença, mas quando fezes duras ou intestino preso exigem esforço frequente, as veias da região anal podem se dilatar de forma permanente, chegando até a se projetar para fora (prolapso), segundo o Hospital Albert Einstein.
De acordo com a instituição, existem hemorroidas internas e externas, classificadas em graus de 1 a 4. Os sintomas mais comuns incluem coceira, dor, sangramento anal e saliências palpáveis.
A crise costuma durar de cinco a seis dias, podendo ser controlada com pomadas, supositórios, banhos de assento e plantas medicinais como camomila e hamamélis. Em casos mais graves, pode ocorrer trombose hemorroidária, caracterizada por dor intensa e inchaço devido à formação de coágulo.
Entre os cuidados preventivos, segundo o Einstein, estão:
- Dieta rica em fibras e líquidos para facilitar o funcionamento do intestino;
- Exercícios físicos para melhorar a saúde geral;
- Uso moderado do vaso sanitário (evitar ficar lendo ou mexendo no celular sentado no vaso);
- Higiene com água e sabão, evitando papel higiênico áspero ou lenços umedecidos.
Embora não sejam malignas, as hemorroidas podem confundir diagnósticos. Sangramentos anais, por exemplo, não devem ser automaticamente atribuídos a elas, já que podem indicar câncer anal ou colorretal.
Nos casos mais avançados, o tratamento pode exigir cirurgia ou procedimentos minimamente invasivos, como a desarterialização hemorroidária transanal guiada por doppler (THD), além de técnicas como escleroterapia e coagulação infravermelha.