Dengue: sintomas, vacina, tratamento e tudo mais que você precisa saber sobre a doença
Brasil registra aumento expressivo nos casos de dengue no começo de 2024, com 24 mortes confirmadas
O Brasil registra um aumento expressivo nos casos de dengue neste começo de 2024, com 24 mortes confirmadas. O Ministério da Saúde registrou, até esta quarta-feira (31), 243.721 casos prováveis da doença — um crescimento de quase 273% em comparação ao mesmo período de 2023.
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O SBT News fez um levantamento com as principais informações sobre a dengue, os sintomas e sinais de alerta, como prevenir a doença e quais são as vacinas disponíveis:
O que é a dengue?
A dengue é uma doença que faz parte do grupo das arboviroses, enfermidades transmitidas por picadas de insetos e aracnídeos (como aranhas ou carrapatos). O vírus é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, que precisa de sangue para produzir seus ovos.
O mosquito Aedes aegypti tem como principal característica a presença de listras brancas nas pernas e no dorso. Em média, ele vive em torno de 30 dias e a fêmea chega a colocar entre 150 e 200 ovos nesse período.
Existem quatro sorotipos diferentes de dengue: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 e todos eles podem produzir formas assintomáticas, brandas e graves — incluindo fatais — da doença. Uma pessoa pode ter dengue até quatro vezes ao longo da vida, já que ser infectada por um dos sorotipos não garante imunidade aos outros.
"A segunda infecção por qualquer sorotipo de dengue é predominantemente mais grave que a primeira, independentemente dos sorotipos e de sua sequência. No entanto, os sorotipos 2 e 3 são considerados mais virulentos", explica o Ministério da Saúde.
Como acontece a transmissão
A transmissão da dengue depende da concentração do mosquito, ou seja: quanto maior a quantidade de mosquitos, maior a transmissão da doença. O vírus é transmitido pela picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas. A transmissão de mãe para filho, durante a gestação, e por transfusão de sangue são raras.
O período de maior transmissão da dengue coincide com o verão, por causa dos fatores climáticos favoráveis à proliferação do mosquito em ambientes quentes e úmidos.
Quais são os sintomas
A infecção por dengue nem sempre apresenta sintomas. A pessoa pode ter a doença de forma assintomática ou apenas sintomas leves.
Na forma clássica da doença, além da febre alta (maior que 39°C) — que pode durar até 7 dias — o indivíduo pode apresentar pelo menos outros dois sintomas:
- dor de cabeça
- mal estar
- dor muscular intensa
- dor ao movimentar os olhos
- falta de apetite, náuses e vômitos
- manchas vermelhas no corpo
Entretanto, é preciso ficar atento aos sintomas que indicam a forma grave da doença, que pode levar à dengue hemorrágica:
- dor abdominal intensa e contínua
- vômitos persistentes
- acúmulo de líquidos em cavidades corporais
- sangramento de mucosa
- hemorragias
Ao apresentar possíveis sintomas de dengue, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, alerta o Ministério da Saúde.
Qual é o tratamento
Não existe necessidade da realização de exames específicos para o tratamento da doença, já que o diagnóstico da dengue é baseado nas manifestações clínicas. Ao suspeitar da infecção, é fundamental procurar um hospital para o diagnóstico correto e, em casos graves, para internação e manejo clínico adequado, reforça o Ministério. Em casa recomenda-se, nos quadros clássicos:
- repouso
- ingestão de líquidos
- administração de analgésicos, como paracetamol ou dipirona, em caso de dor ou febre
O Ministério da Saúde orienta os pacientes a não tomarem remédios a base de anti-inflamatórios não-hormonais, como ibuprofeno, diclofenaco e nimesulida, pois eles podem aumentar o risco de hemorragias. O ácido acetilsalicílico (AAS) também não é recomendado.
Os pacientes devem retornar imediatamente ao serviço de saúde em caso de sinais de alarme.
Grupo de risco
Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém, em populações vulneráveis, como crianças ou idosos, o vírus da dengue pode interagir com outras doenças pré-existentes, como diabetes e hipertensão, e levar ao quadro grave ou gerar maiores complicações que podem evoluir para morte.
Vacinas contra a dengue
Duas vacinas contra dengue estão registradas no Brasil: a Dengvaxia e a Qdenga. A Dengvaxia, da fabricante Sanofi, está disponível somente na rede particular e é recomendada apenas para pessoas de 9 a 45 anos que já foram infectadas com o vírus da dengue. São necessárias três doses, em intervalos de seis meses, para completar o esquema vacinal. O valor de cada dose varia de R$ 198 a R$ 300. Como são necessárias três doses, o esquema completo pode custar até R$ 900.
A Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, é o primeiro imunizante que pode ser usado por pessoas que nunca tiveram a doença, sendo indicada para a prevenção da dengue em pessoas de 4 aos 60 anos. O esquema vacinal fica completo após duas doses, com intervalo de três meses entre elas. Em um levantamento feito pelo SBT News, foram encontradas doses com preços entre R$ 349 e R$ 490. Como são necessárias duas doses, o esquema completo pode custar até R$ 980.
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Campanha de vacinação pelo SUS
O Ministério da Saúde vai iniciar a imunização contra dengue no Brasil com doses da Qdenga. Em 2024, o público-alvo do SUS serão crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, depois de pessoas idosas – grupo para o qual o imunizante não foi liberado pela Anvisa. A vacinação deve começar em fevereiro, mas ainda não há data definida.
O processo de imunização vai contemplar 521 municípios em 16 estados e no Distrito Federal. As cidades foram escolhidas a partir de três critérios: locais com mais de 100 mil habitantes, alta transmissão de dengue registrada em 2023 e 2024 e maior predominância do sorotipo DENV-2.
O Governo Federal estima que cerca de 3,2 milhões de pessoas serão vacinadas contra a dengue pelo SUS em 2024. Para 2025, foram contratadas 9 milhões de doses.
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Quem não pode tomar a vacina
- quem apresentou hipersensibilidade a qualquer componente da formulação ou após dose anterior;
- pessoas com imunodeficiências primárias ou adquirida;
- pessoas que vivem com o vírus HIV, sintomáticas ou assintomáticas;
- gestantes e lactantes (mulheres que estão amamentando).
Cuidados para prevenir a dengue
Embora exista a vacina contra a dengue, o controle da proliferação do mosquito Aedes aegypti ainda é o principal método para a prevenção da doença.
É preciso eliminar a água armazenada que pode se tornar possível criadouro, como em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas, piscinas e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas.
O Ministério da Saúde recomenda:
- substituir a água dos pratos dos vasos de planta por areia;
- deixar a caixa d'água tampada;
- manter limpas as piscinas;
- remover do ambiente todo material que possa acumular água, como pneus e garrafas;
- desobstruir calhas, lajes e ralos;
- lavar as bordas dos recipientes que acumulam água com sabão e escova e jogar as larvas na terra ou no chão seco;
- guardar baldes e garrafas com a boca virada para baixo;
- uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão;