Tristeza ou depressão? Como diferenciar os sintomas e buscar ajuda no momento certo
Transtorno depressivo já afeta mais de 300 milhões de pessoas no mundo, segundo a OMS
Brazil Health
Mais um ano começa, carregado de expectativas e sonhos para realizar. Celebramos com fogos, abraços e promessas de um novo ciclo. Mas, logo a rotina retoma seu lugar. É aí que o Janeiro Branco nos faz um convite especial: refletir sobre a nossa saúde mental.
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão já afeta mais de 300 milhões de pessoas no mundo, sendo uma das principais causas de incapacitação. Apesar disso, o tema ainda carrega estigmas, dificultando a busca por ajuda e aumentando o sofrimento de quem enfrenta a condição.
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Para iniciarmos 2025 de forma mais consciente, convido você a refletir sobre o tema. Vamos entender a diferença entre a tristeza passageira e o Transtorno de Depressão, o momento de procurar ajuda profissional e como cuidar melhor do nosso estado emocional, promovendo saúde mental.
Depressão ou tristeza?
A tristeza é uma emoção natural humana que normalmente ocorre diante de situações difíceis, como perdas, decepções ou mudanças. A tendência é que ela seja passageira e, mesmo sendo uma emoção indesejável, não impede que realizemos nossas atividades cotidianas e laborais.
Já a depressão é um transtorno psicológico caracterizado por sintomas como um vazio persistente, perda de energia, falta de prazer e vontade em atividades que antes eram significativas, alterações persistentes no sono, como hipersonia ou insônia, e falta de apetite. Além disso, há baixa autoestima e, em casos mais graves, ideações suicidas.
Algumas falas são bastante comuns na clínica:
● "Sinto uma angústia persistente."
● "Parece que tem um bolo na minha garganta que não passa."
● "Até sei o que preciso fazer, mas não consigo. Não tenho disposição; é mais forte que eu."
● "Quero sumir, sinto que sou um peso para todos, seria mais fácil!"
Por isso, chamo a atenção de você, leitor, que esteja passando por isso ou convivendo com alguém que esteja: não é fraqueza, falta de vontade ou preguiça. É uma doença, e, por isso, precisa de ajuda.
Um ponto importante para refletir é: "Estou conseguindo cumprir minha rotina e encontrar sentido nas pequenas coisas, ou sinto que minha vida está paralisada?" Esse tipo de autopercepção pode ser um indicativo importante para diferenciar tristeza de depressão.
Quando buscar ajuda?
Faça as seguintes perguntas a si mesmo:
● Estou conseguindo realizar minhas atividades?
● Meu sono não é mais o mesmo e isso está prejudicando minha vida?
● Atividades que antes traziam alegria agora são indiferentes?
● O desânimo persiste por várias semanas sem motivo aparente?
● Pensamentos irracionais e negativos estão persistentes?
● Tenho alteração na memória?
● Sinto dores físicas frequentes sem diagnóstico real?
Se respondeu "sim" para essas perguntas, pode ser o momento ideal para buscar ajuda profissional. Quando buscamos no momento certo, faz toda a diferença. A ajuda profissional não é um luxo, mas uma necessidade quando sentimos que nossa saúde mental está comprometida.
Como avaliar nosso estado emocional?
Não aprendemos a identificar e lidar com as nossas emoções, muito menos com as indesejáveis. Hoje, com práticas da Terapia Cognitivo-Comportamental e da Terapia Dialética Comportamental, isso é possível. Caso ainda não tenha acompanhamento profissional, algumas práticas podem ajudar:
● Escreva sobre seus sentimentos: faça um diário emocional, anotando como você se sente em diferentes momentos do dia. Isso traz clareza sobre padrões emocionais.
● Autoavaliação diária: dê uma nota de 0 a 10 para o seu bem-estar no final do dia. Notas consistentemente baixas podem indicar que algo precisa de atenção.
● Converse consigo mesmo; pergunte-se: "O que eu preciso neste momento para me sentir melhor?" Escutar essa resposta pode trazer insights valiosos.
Como fortalecer sua saúde mental?
Além de identificar sinais de alerta e doença, podemos promover saúde mental com pequenas ações no dia a dia, como:
● Reserve tempo para si mesmo: momentos de autocuidado são essenciais, seja meditando, lendo ou apenas descansando.
● Cuide das suas relações: conexões sociais saudáveis são pilares do bem-estar emocional. Reavalie relações em que perceber toxicidade.
● Exercite-se regularmente: atividades físicas liberam endorfina, melhorando o humor, e são fundamentais no tratamento de depressão.
● Pratique mindfulness: exercícios de atenção plena ajudam a trazer mais clareza emocional e a reduzir o estresse.
Janeiro Branco: um convite ao cuidado
O Janeiro Branco nos lembra que a saúde mental merece tanto cuidado quanto a saúde física. Isso inclui buscar ajuda profissional, criar espaço para falar sobre o que sentimos, reconhecer nossas limitações e aprender a lidar com elas. Se você sente que precisa de apoio, procure ajuda. Cuidar da sua saúde mental é um ato de coragem e amor-próprio.
Que este ano seja um convite para uma jornada mais consciente, leve e cheia de significado. Como diz a escritora e psicóloga americana Marsha M. Linehan: "Todos nós merecemos uma vida que vale a pena ser vivida!"
* Juliana Orrico é psicóloga credenciado pelo CRP SP 06/133394