Surto de sarampo nos EUA pode chegar ao Brasil? Entenda
Aumento de casos da doença nos Estados Unidos tem preocupado especialistas em saúde pública ao redor do mundo

Wagner Lauria Jr.
O recente aumento de casos de sarampo nos Estados Unidos tem preocupado especialistas em saúde pública ao redor do mundo.
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222 casos já foram confirmados em 12 estados americanos apenas em 2025, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). O surto resultou na morte de uma criança não vacinada – o primeiro óbito registrado pela doença no país em uma década – e outro caso fatal está sob investigação.
A transmissão do sarampo, causado pelo Morbillivirus, ocorre pelo ar, por meio de gotículas respiratórias, o que facilita sua propagação, especialmente em ambientes com baixa cobertura vacinal.
Descrédito na vacina é principal causa do surto, aponta especialista
"Existe chance do surto chegar ao Brasil porque a nossa cobertura vacinal caiu. O motivo é o descrédito às vacinas vindo da pandemia", afirma o infectologista Renato Grinbaum
O crescimento do movimento antivacina nos EUA, inclusive, é apontado por ele como um dos responsáveis pela queda na imunização.
Nos EUA, apenas 2% dos infectados estavam com o esquema vacinal completo de duas doses, enquanto 4% receberam apenas uma dose. A grande maioria, 94%, não se imunizou ou desconhece seu histórico vacinal.
O risco de disseminação internacional é real, pois o vírus pode ser levado de um país a outro por viajantes infectados. O Brasil, que já enfrentou surtos anteriormente, deve manter atenção redobrada para evitar a reintrodução da doença, segundo Grinbaum.
De acordo com ele, antes das vacinas "o sarampo era um grande pavor, responsável por milhares de mortes anualmente, sobretudo crianças mais novas".
Os sintomas incluem febre, conjuntivite, manchas na pele e na boca. Segundo o infectologista, nos casos graves "deprime as defesas do indivíduo e a causa mais comum de morte por sarampo é a pneumonia".
Vacina está disponível pelo SUS
O sarampo é altamente contagioso e pode afetar pessoas de todas as idades. Embora seja frequentemente associado a crianças, adultos não imunizados também correm riscos.
A vacinação continua sendo a principal forma de proteção. No Brasil, a imunização contra o sarampo é gratuita e está disponível na rede pública de saúde.
O esquema vacinal inclui duas doses para crianças e jovens até 30 anos, enquanto adultos entre 30 e 60 anos precisam de apenas uma dose. Quem não tem certeza se foi vacinado pode e deve buscar a imunização novamente, pontua Renato.
"A vacina contra o sarampo está no calendário vacinal há décadas e eventos adversos severos são extremamente raros. Mas o benefícios são muito frequentes, não vemos mais crianças internadas com formas graves do sarampo. Isto é o resultado da vacina.", ressalta.
As campanhas de imunização têm tentado recuperar a confiança da população no país. Em 2016, o país recebeu o certificado de eliminação do sarampo, mas perdeu o status dois anos depois devido à queda na cobertura vacinal e à entrada do vírus por meio de migração e viagens internacionais.
Em 2024, a certificação foi recuperada, e desde 2022 não há casos autóctones da doença. Contudo, casos importados continuam ocorrendo, com registros recentes no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.