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Saúde

Sinais de autismo podem ser detectados já no primeiro ano de vida, aponta estudo

Pesquisa mostra que bebês de 9 meses tidos como mais agitados tiveram maior risco de ter diagnóstico de autismo; entenda

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Estudo mostra que crianças mais agitadas tem maior risco de autismo | Freepik
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Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, sugere que os primeiros sinais do Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem surgir já no primeiro ano de vida das crianças.

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Os pesquisadores Erin Andres e Stephen Sheinkopf, do Thompson Center for Autism and Neurodevelopmental Disorders, analisaram dados comportamentais de bebês aos 9 e 12 meses de idade. Os resultados revelam que comportamentos observados ainda nos primeiros nove meses de vida podem estar associados ao risco de diagnótico de autismo depois dos 12 meses (veja como notar abaixo).

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Bebês mais agitados podem estar em maior risco

A pesquisa utilizou a Pesquisa de Bem-Estar de Crianças Pequenas, na qual os pais relataram o temperamento de seus filhos de 9 meses. Entre os aspectos analisados estavam choro frequente, irritabilidade, dificuldade para se acalmar e resistência a novos ambientes.

Três meses depois, aos 12 meses de idade, os mesmos pais responderam a um questionário de triagem para autismo que abordava habilidades de comunicação, reações sensoriais e comportamentos repetitivos. A triagem investigava, por exemplo, se o bebê reagia ao ser chamado pelo nome ou se se mostrava sensível a ruídos altos, como o som de um aspirador de pó.

"O que descobrimos foi que os bebês de 9 meses que foram relatados como mais agitados tiveram mais dificuldade de adaptação, mais dificuldade para dormir e mais atrasos em atingir marcos de desenvolvimento, sendo mais propensos a mostrar sinais de autismo precoce aos 12 meses", explicou Sheinkopf, que também é professor de pediatria.

Potencial para diagnóstico e intervenção precoce

Embora os pesquisadores ressaltem que ainda é cedo para afirmar se esses sinais levarão a um diagnóstico formal de autismo, as descobertas abrem caminho para intervenções precoces.

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"As informações relatadas pelos pais sobre os primeiros comportamentos de uma criança podem ajudar a identificar sinais de autismo ou atrasos no desenvolvimento muito mais cedo do que se pensava", reforçou Sheinkopf.

A proposta é que pediatras utilizem essas informações como um “termômetro” no acompanhamento do desenvolvimento infantil. Com um olhar mais atento para comportamentos aparentemente sutis, seria possível oferecer suporte mais ágil e personalizado, especialmente em áreas como linguagem e socialização.

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"Seja ajudando bebês a desenvolver habilidades de linguagem mais próximas dos níveis esperados para sua idade ou desenvolvendo habilidades sociais precoces que os ajudarão a prosperar na pré-escola, queremos que todas as crianças floresçam", disse o pesquisador.

Sinais iniciais de autismo: o que observar?

Os pais e cuidadores devem ficar atentos a sinais relacionados a comunicação, socialização e comportamentos repetitivos.

"A pergunta que deve ser feita é: qual é o impacto desses comportamentos na vida da criança. Tem algum comportamento que está trazendo um grande prejuízo? Se a resposta for sim, vale procurar ajuda profissional", ressalta Alice Tufolo, psicóloga especializada em TEA.

A cada fase do desenvolvimento infantil surgem sinais específicos.

Por exemplo, em bebês de até 6 meses, a falta de sorriso social, contato visual reduzido e desinteresse por rostos humanos podem ser sinais de alerta.

entre 6 e 12 meses, a ausência de respostas ao nome e de gestos simples é motivo de atenção. Entre 1 e 2 anos, o atraso na fala e a falta de interação social também são indicativos importantes. Nesse caso, não determina o autismo, porque pode ser confundido com outros diagnósticos, mas pode ser considerado um sinal de alerta.

Dos 2 aos 3 anos, aparece a dificuldade na formação de frases simples e pouco interesse por crianças e brincadeiras, além da repetição de brincadeiras.

"Esses são sinais de alerta que podem indicar autismo, mas que devem ter o diagnóstico final de um profissional especializado", explica a especialista.

Conforme a criança cresce, dificuldades com a formação de frases e a interação com outras crianças podem surgir, sinalizando a necessidade de avaliação profissional.

Tratamento deve contar com o apoio da família

Para Alice Tufolo, o tratamento precisa ser multidisciplinar, com diversas especializações envolvidas (psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos), além de contar com a presença da família e ser iniciado o quanto antes, com intervenções personalizadas para cada caso. O objetivo é desenvolver habilidades que possam ser aplicadas ao contexto da vida real da criança, não apenas em um ambiente clínico.

"Não adianta pegar as melhores profissionais do mundo. Se não houver integração com a vida real, conversa e alinhamento com a família, a intervenção será ruim", pontua.

*Com informações do Futurity

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