Setembro Amarelo: quais são os principais sinais de que sua saúde mental precisa de atenção
Suicídio já responde por 1% das mortes globais, alerta a OMS; veja como reconhecer quando algo não vai bem com suas emoções

Wagner Lauria Jr.
A cada 100 mortes registradas no mundo, uma tem como causa o suicídio. O dado foi divulgado nesta terça-feira (2) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que demonstrou preocupação com a lentidão dos avanços na prevenção desse problema, considerado uma das principais causas de morte entre os jovens.
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Segundo o relatório, somente em 2021, o suicídio custou a vida de 727 mil pessoas.
“Apesar de esforços globais, estamos longe de alcançar a meta da ONU de reduzir em um terço as taxas de suicídio até 2030. No ritmo atual, a queda será de apenas 12% em cinco anos”, alertou Dévora Kestel, diretora do Departamento de Saúde Mental da OMS.
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Sinais de alerta e prevenção
Especialistas em saúde mental ouvidos pelo SBT News reforçam que reconhecer os sinais de risco é essencial para agir a tempo. Alguns comportamentos que merecem atenção está relacionado ao que eles chamam de Distress: basicamente quando o nível de estresse está acima de média, segundo a psicóloga da USP Liliana Seger.
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O psiquiatra Bruno Brandão ressalta que isso pode ser notado de acordo com o nível de prejuízo que o estresse está causando na vida da pessoa.
"O nível de sofrimento. Sempre que o sujeito tiver um prejuízo. Qual? No trabalho, nos relacionamentos, torna-se impossível gerenciar esse estresse, que acaba tomando a vida da pessoa", ressalta.
- Mudanças bruscas de humor, isolamento social e perda de interesse por atividades antes prazerosas;
- Comentários frequentes sobre desesperança, culpa ou desejo de desaparecer;
- Alterações no sono e no apetite, além de queda no desempenho escolar ou profissional.
De acordo Brandão e Liliana, a prática de atividades físicas, como caminhada ou corrida, pode ser tão eficiente quanto remédios antidepressivos, segundo um recente estudo feito por pesquisadores da Universidade de Vrije, de Amsterdã, na Holanda. No entanto, isso não exclui a necessidade de tratamento medicamentoso em alguns casos.
"O sedentarismo é um vilão do estresse", ressalta Bruno.
Seger diz ainda que o simples ato de sair para caminhar pode ajudar no gerenciamento do estresse. Mas faz uma recomendação especial para essa caminhada.
"É preciso estar presente na situação, sentindo os passos, as cores, o verde das árvores se for em um parque. Só de a pessoa subir as escadas, ou caminhar até a esquina respirando e prestando atenção, já ajuda muito. Ficar ruminando os pensamentos não vai ajudar a relaxar e pode ser, inclusive, uma situação que aumenta a raiva e a ansiedade", explica Seger.
Aliado a isso, fazer psicoterapia é recomendado, além da diminuição do uso das inúmeras telas que nos cercam, e priorizar o sono.
De acordo com os especialistas, a prevenção também passa pela redução do estigma em torno dos transtornos psicológicos e o estímulo a vínculos sociais e familiares, além da promoção de campanhas educativas.
Situação global e desigualdades
Entre 2000 e 2021, a taxa mundial de suicídio caiu 35% e permaneceu estável durante a pandemia de covid-19, mesmo diante do aumento dos fatores de risco. O relatório aponta que 73% dos casos ocorrem em países de baixa e média renda, mas, proporcionalmente, os países ricos apresentam índices mais altos — diferença que pode estar ligada à maior precisão estatística nesses locais.
A OMS destaca que o suicídio é consequência direta de alguns transtornos de saúde mental, como depressão e ansiedade, que afetam mais de 1 bilhão de pessoas no planeta. Esses quadros têm crescido em ritmo mais acelerado que a população mundial, com impacto especial entre jovens expostos à pressão social, ao isolamento e ao uso intenso das redes digitais.
Onde procurar ajuda?
CVV (Centro de Valorização à Vida) - Atendimento por ligação gratuita, 24 horas por dia, pelo número 188. Há também as opções de atendimento físico, chat e e-mail.
Pode falar - Canal de atendimento da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) criado para ajudar pessoas de 13 a 24 anos a lidarem com questões de saúde mental.
Além disso, pela rede pública, o atendimento para questões de saúde mental pode começar via atendimento pelas UBSs (Unidade Básica de Saúde) ou pelos Caps (Centros de Atenção Psicossocial) Infanto-Juvenil espalhados pelo Brasil.
Buscas por "Setembro Amarelo" em alta
O interesse de busca por "Setembro Amarelo", campanha brasileira de prevenção ao suicídio, está em alta no Google Brasil na comparação com os últimos 12 meses. Os dados são do Google Trends.