Setembro Amarelo: maioria dos brasileiros desconhece atendimento psiquiátrico gratuito no SUS
Pesquisa aponta que só 31% dos brasileiros sabem do serviço, mas espera pode chegar a um ano e meio em algumas cidades
Guilherme Rockett
Durante o Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização sobre saúde mental, uma pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria revelou que quase 70% dos brasileiros não sabem que podem procurar atendimento psiquiátrico gratuito no Sistema Único de Saúde (SUS).
O levantamento mostrou ainda que 50,9% dos brasileiros já buscaram atendimento com psicólogo ou psiquiatra pelo menos uma vez. No entanto, apenas 31,6% sabem da possibilidade de buscar esse atendimento pelo SUS. Já 34% consideram recorrer ao plano de saúde e 9,8% acreditam que podem contar com o apoio de ONGs.
O problema, porém, é a demora no acesso. Em Porto Alegre, por exemplo, a fila de espera para consultas de psiquiatria ou psicoterapia no SUS chega a quase 130 pacientes. A espera pode variar de seis dias a mais de um ano e meio, dependendo da gravidade do caso.
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A presidente da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Ana Cristina Tietzmann, alerta para os riscos da demora.
“Às vezes demora para conseguir a consulta com o especialista e aí está o risco de que o quadro piore, como qualquer outro problema de saúde”, explica.
Segundo a médica, o início rápido do tratamento é essencial para evitar a piora do quadro clínico.
O estudo apontou ainda que pelo menos um quarto dos participantes disse não se sentir bem ou estar triste, e metade relatou já ter pensado em se isolar. Diante desse cenário, até mesmo as equipes de saúde da família, que não são especializadas em saúde mental, precisam estar atentas aos sinais.
“A pessoa vai começando a ter sintomas mais graves, que vão incomodar mais, dificultar o trabalho, os relacionamentos e, em alguns casos, colocar a vida em risco”, reforça Tietzmann.