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Por que jovens negros são os que mais abandonam o tratamento contra a tuberculose? Entenda

Crianças e jovens com idade entre 11 e 18 anos desistem do tratamento por falta de condições sociais e econômicas, revela pesquisa da Unifesp

Por que jovens negros são os que mais abandonam o tratamento contra a tuberculose? Entenda
Reprodução/Freepik
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Pessoas negras do sexo masculino com idades entre 11 e 18 anos são as que mais abandonam o tratamento de tuberculose em São Paulo. Essa é a conclusão da pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicada na revista “Cadernos de Saúde Pública” nesta quarta (11).

O estudo, pioneiro no país, identificou características de risco para essa situação. Entre os fatores que levam ao abandono do tratamento estão a privação de liberdade, o uso de drogas e o histórico de HIV/Aids.

A tuberculose, uma doença que ataca sobretudo os pulmões, está exposta a qualquer pessoa, mas nem todas adoecem. A pesquisa mostrou que esses fatores mencionados elevam o risco de um possível abandono do tratamento de crianças e jovens.

"Pensando no indivíduo adolescente que está numa fase conturbada de desenvolvimento psicológico e comportamental, inserido num ambiente de violência, saúde e habitação precários, o seguimento do tratamento para tuberculose, que dura no mínimo 6 meses, pode ser dificultoso e, por vezes, abandonado," afirma ao SBT News Mariana Pereira da Soledade, pesquisadora que conduziu o estudo.

Esta situação é reflexo das vulnerabilidades sociais a que parte da população brasileira está exposta em maior ou menor grau do que outras. Ainda de acordo com a pesquisadora, a tuberculose "é uma doença social". Sendo assim, o objetivo do estudo é fornecer informações para construção de estratégias para minimizar as taxas de abandono do tratamento.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que 10,6 milhões de pessoas desenvolveram tuberculose em 2022 — e 1,3 milhão delas, ou seja, 12%, eram crianças menores de 15 anos. Cerca de 16% destes casos pediátricos terminaram em óbito, de acordo com os dados.

A pesquisa alerta para subnotificação dos casos, que é quando pessoas não são diagnosticadas por algum motivo, seja ele pessoal ou estrutural. Como agravante, os sintomas da tuberculose podem ser confundidos com outras doenças semelhantes como gripe, por exemplo.

Como foi feito o estudo

O estudo usou dados do período entre 2009 e 2019 do Sistema de Controle de Pacientes com Tuberculose do Estado de São Paulo, chamado de Tbweb. A partir disso, foi traçado um perfil epidemiológico dos pacientes pediátricos com a doença no estado.

A amostra foi de 12.256 casos analisados, com 941 casos de abandono do tratamento. A maioria dos casos de abandono ocorreu entre adolescentes maiores de 11 anos (9,1%) e entre os indivíduos de cor da pele/raça preta/parda ou outras (8,8%). Pessoas do sexo masculino são os que mais desistem do tratamento (8,7%).

Já os casos com algum agravo associado a infecções sexualmente transmissíveis (IST) ou ao uso de drogas representam 16% dos casos de abandono. A capital paulista é a região com maior percentual de abandono do tratamento (8,2%), seguido do Vale do Paraíba (4,9%) e o Litoral Norte (4%).

Para a pesquisadora, os dados servem como termômetro para avaliar a epidemia de tuberculose também em adultos. “Quando se tem uma criança doente com tuberculose, isso significa que existem adultos que estão ao redor dela transmitindo a microbactéria, então quanto mais crianças infectadas, mais adultos também”, avalia.

A doença

A tuberculose é um problema de saúde pública no Brasil, com cerca de 70 mil novos casos e 4,5 mil mortes por ano, segundo o Ministério da Saúde. O país está entre os 30 com mais casos no mundo.

Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, a doença atinge principalmente os pulmões e é transmitida pelo ar, especialmente em ambientes mal ventilados. O tratamento, oferecido gratuitamente no Sistema único de Saúde (SUS), dura cerca de seis meses.

Apesar dos esforços no diagnóstico e no tratamento, o Brasil enfrenta desafios como o estigma social, a falta de informação e o difícil acesso aos serviços de saúde em algumas regiões. Os sintomas da doenças são os seguintes:

  • Tosse por 3 semanas ou mais;
  • Febre vespertina;
  • Sudorese noturna;
  • Emagrecimento.

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