Ozempic pode reduzir complicações de doença renal crônica e diabetes, diz estudo
Semaglutida também diminuiu risco de mortes por problemas cardiovasculares; apesar de benefícios, uso do medicamento requer cuidados
Wagner Lauria Jr.
Conhecido por ajudar no controle de obesidades e diabetes tipo-2, o Ozempic também pode ter outros benefícios. É o que mostra uma pesquisa feita pela Universidade de Washington. Os pesquisadores descobriram que a semaglutida, príncipio ativo do medicamento, teve um impacto significativo na redução de complicações renais, problemas cardíacos e morte em pessoas com diabetes tipo 2 e doença renal crônica. Os resultados foram publicados nesta sexta-feira (24) no The New England Journal of Medicine.
A pesquisa contou com a participação de 3.533 participantes, que foram acompanhados por cerca de três anos e meio, e revelou que o risco morrer de problemas cardiovasculares, indicação de diálise, transplante de rim foi 24% menor nos pacientes que receberam injeção de semaglutida semanalmente, em comparação com aqueles que injetaram placebo.
O estudo foi financiado pela própria fabricante do Ozempic, Novo Nordisk. O vice-presidente executivo de desenvolvimento da farmacêutica, Martin Holst Lange, disse que a empresa pedirá à FDA (Food Drug Administration - a "Anvisa dos EUA") para atualizar o rótulo do Ozempic e dizer que o medicamento também pode ser usado para reduzir a progressão da doença renal crônica ou complicações em pessoas com diabetes tipo 2.
Uso de Ozempic requer cuidado
De acordo com o endocrinologista Paulo Rosenbaun, do Hospital Albert Einstein, o uso prolongado do Ozempic ou similares pode trazer efeitos colaterais significativos, daí a necessidade de acompanhamento especializado. "Os indivíduos mais idosos, por exemplo, podem apresentar osteoporose associada à perda de peso", diz. Na maior parte dos casos, os efeitos colaterais estão ligados ao trato intestinal.
O médico afirma, porém, que o uso não deve ser descontinuado em caso de efeitos colaterais. Cabe ao especialista apresentar soluções e alternativas no decorrer do tratamento.
Segundo Fabio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), esse medicamento foi feito para ter uma utilização prolongada – mas isso reforça a necessidade de indicação e acompanhamento médicos adequados.
Como age o Ozempic?
A semaglutida age diretamente cérebro, aumentando a sensação de saciedade e diminuindo a fome, fazendo com que a pessoa emagreça. Além disso, a droga age sob o pâncreas, melhorando o controle do diabetes. Também melhora o índice de colesterol, reduz a pressão arterial e a gordura do fígado, segundo Rosenbaun.