Nova lei prevê reconstrução dentária no SUS para vítimas de violência doméstica
Programa terá como público alvo mulheres que perderam dentes ou sofreram fraturas por agressões

Camila Stucaluc
Mulheres que perderam os dentes ou tiveram fraturas faciais devido a agressões domésticas terão direito à reconstrução dentária gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio da Silva (PT), na última quinta-feira (3).
+ 1 em cada 4 brasileiros conhece uma mulher vítima de violência doméstica
Com o programa, vítimas de violência doméstica terão prioridade em intervenções odontológicas no SUS. Procedimentos de emergência, como o controle de hemorragias, tratamento de infecções, implantes e a redução de fraturas estão entre os serviços oferecidos. Procedimentos cirúrgicos e plásticos também podem ser indicados pelo médico para restaurar o sorriso das vítimas.
Para ter acesso, as vítimas deverão apresentar documentos que comprovem a situação de violência, conforme critérios a serem definidos. Além do SUS, clínicas odontológicas privadas e universidades poderão integrar a rede de atendimento para ampliar a oferta do serviço.
Segundo o governo, o objetivo da medida é amenizar tanto os impactos físicos como psicológicos causados devido à violência, uma vez que, na grande maioria dos casos, os agressores miram os rostos das vítimas. “A reconstrução dentária e o atendimento humanizado podem parecer detalhes, mas para essas mulheres significa um recomeço”, pontuou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Aumento da violência doméstica no Brasil
Uma pesquisa Datafolha mostrou que 37,5% das mulheres brasileiras (21,4 milhões) sofreram algum tipo de agressão nos últimos 12 meses. O número é o maior da série histórica da pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, iniciada em 2017, e 8,6 pontos percentuais acima do resultado da última publicação, de 2023.
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Dos casos, 67% foram praticados pelo parceiro ou ex-parceiro íntimo da vítima. Os dados mostram ainda que nove em cada 10 mulheres (equivalente a 91,8% das vítimas) foram agredidas na presença de terceiros, como amigos ou conhecidos (47,3%), filhos (27%), outros parentes (12,4%) ou pessoas desconhecidas (7,7%).