Maioria dos motociclistas acidentados no Rio não usava capacete, revela levantamento
Acidentes de moto sobrecarregam hospitais e aumentam tempo de espera por leitos em unidades de trauma

João Pedro Barrocas
Um dado alarmante chama a atenção das autoridades de saúde e trânsito: em 90% dos acidentes de moto registrados no Rio de Janeiro, os pilotos não usavam capacete. A falta de proteção adequada tem impacto direto nos hospitais, que enfrentam superlotação e longos períodos de internação para tratamento dos feridos, enquanto outros pacientes aguardam por um leito.
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Com a frequência dos acidentes, hospitais como o Alberto Torres, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, têm suas alas de trauma constantemente ocupadas.
Segundo Marcelo Pessoa, coordenador do centro de trauma do HEAT, muitos desses pacientes permanecem internados por longos períodos, o que compromete a rotatividade dos leitos.
Ocorrências
Mais da metade dos internados na unidade são vítimas de acidentes de trânsito. Entre 2023 e 2024, o número de ocorrências aumentou mais de 23% em todo o estado. Somente no ano passado, mais de 1.500 pessoas morreram em batidas e atropelamentos em vias fluminenses.
De acordo com William Chaia, coordenador da cirurgia bucomaxilofacial do HEAT, a maioria dos casos envolve motociclistas. No mês de maio, marcado pela campanha "Maio Amarelo", a proposta é alertar sobre os perigos do excesso de velocidade, ultrapassagens proibidas, uso de celular e consumo de álcool ou drogas ao volante.
João Pedro Peres, motoboy, sofreu um grave acidente de moto, o segundo em apenas um ano, que resultou em cortes profundos no rosto. Leone da Silva Souza está prestes a receber alta após fraturar a perna e o pulso. Já Júlio Ronald, de 23 anos, quebrou o dedo da mão e reconhece que pilotava de forma arriscada.
Apesar das diferentes histórias, o desfecho é semelhante: João Pedro pretende deixar de usar a moto, Leone diz que vai dirigir com mais consciência e Júlio admite que abusou da sorte. As experiências servem de alerta para quem ainda ignora os riscos no trânsito.
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