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Saúde

Hospital de São Paulo se prepara para casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas

Substância tóxica pode causar danos irreversíveis, incluindo cegueira, e já levou pacientes à UTI em estado grave e à morte

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Na sala de espera do hospital HCor, em São Paulo, pacientes chegam com diferentes queixas. Mas, neste momento, alguns sintomas específicos acenderam um alerta entre os médicos, devido à onda de contaminação por metanol.

O chefe do pronto-socorro da unidade, o cardiologista Edgard Ferreira dos Santos Júnior, enviou um comunicado à equipe, chamando a atenção para possíveis casos de contaminação da substância adicionada irregularmente nas bebidas alcoólicas. No documento, ele destacou também o protocolo de tratamento a ser seguido.

"Enjoo, náusea, vômitos e situações que envolvem o sistema neurológico, como tontura, confusão mental, desorientação, turvação visual, perda da visão ou convulsão. Quando temos esses sintomas e a história de ingestão de bebida alcoólica até 72 horas antes, precisamos suspeitar de intoxicação", explica o médico.

O passo seguinte é realizar um exame de sangue que pode detectar a presença do metanol. Porém, esse resultado pode levar dias. Por isso, os médicos recorrem a outros parâmetros que indicam o efeito da substância no organismo, como a acidez no sangue.

+ Mortes por Metanol: São Bernardo registra mais um caso suspeito

Os danos podem ser graves e irreversíveis. Ao ser metabolizado no fígado, o metanol se transforma em formaldeído e ácido fórmico, substâncias altamente tóxicas que destroem células do corpo. O nervo óptico é um dos primeiros afetados, o que explica a recorrência da queixa de visão turva que pode evoluir para a cegueira.

O antídoto disponível no Brasil é o etanol, que aplicado em doses calculadas de acordo com o peso do paciente, tem bons resultados.

"O etanol compete na enzima que transforma o metanol em produtos tóxicos, evitando que isso aconteça. Assim, o metanol é eliminado sem causar intoxicação", detalha Santos Júnior.

Um outro antídoto também é utilizado em casos de contaminação por metanol: o fomepizol. Porém, ele não tem registro na Anvisa. Nos Estados Unidos, cada dose custa em torno de mil dólares, cerca de R$ 5.500.

"Administramos álcool no organismo, então o paciente pode ter alterações típicas do etanol. Mas como a aplicação é monitorada, não há efeito etílico comum. Se conseguirmos trazer essa outra medicação, seria melhor para a sociedade", afirma o médico.

Entre os casos em acompanhamento está o de Bruna Araújo de Souza, de 30 anos, internada no Hospital das Clínicas de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. A irmã diz que o estado dela é grave. " Ela continua na UTI, entubada, e não apresentou melhora desde que deu entrada. O teste ocular não teve reação, a pupila dela não respondeu, não sabemos ainda se ela ficou cega, ou se é efeito dos sedativos que vêm tomando agora", conta Karen.

No domingo (25 de setembro), Bruna foi a um bar com o namorado e duas amigas. Apenas Gabriela Damasceno, uma delas, não consumiu bebida alcoólica. "Ela falou pra gente que bebeu nove copos. Foi muito, muito", contou Gabriela.

Na segunda-feira (26 de setembro), Bruna acreditava enfrentar apenas uma forte ressaca. Mas, na madrugada de terça (27 de setembro), precisou de ajuda para ir ao hospital. Ela passou por hemodiálise para filtrar o sangue, mas continua inconsciente na UTI.

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