Há algum tipo de água mais saudável? Qual hidrata melhor? Veja o que diz a ciência
Especialista ressalta que famoso conselho de beber oito copos água diariamente não se aplica a todos, nem a todas situações; saiba mais

Wagner Lauria Jr.
Nos mercados e lojas de conveniência, os consumidores se deparam com uma ampla variedade de águas: alcalinas, com eletrólitos, saborizadas ou enriquecidas de alguma forma.
Mas será que vale a pena pagar mais por esses produtos alcalinos ou com eletrólitos? A ciência tem algumas respostas para o assunto.
+ Existe um jeito certo de se hidratar? Entenda
Água é água?
De acordo com uma pesquisa do Centro de Pesquisa em Nutrição Humana sobre Envelhecimento da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, não há evidências sólidas de que essas versões "especiais" de água tragam benefícios reais à saúde para a maioria das pessoas.
"O melhor substituto de líquidos que você pode consumir para evitar a desidratação é a água pura", afirma Roger Fielding, cientista sênior do centro e professor de nutrição bioquímica.
Ele explica que não existe base fisiológica que comprove uma vantagem metabólica da água alcalina, com eletrólitos ou enriquecida, quando comparada à água comum.
Eletrólitos?
Eletrólitos são minerais que ajudam a regular funções vitais do corpo, como o funcionamento dos músculos, rins e coração. No entanto, o organismo já se encarrega de manter o equilíbrio desses elementos de forma muito precisa. Segundo Fielding, mesmo atletas em treinos intensos dificilmente precisam repor eletrólitos por meio dessas bebidas, a não ser em situações extremas.
Água alcalina?
A promessa da água alcalina é neutralizar a acidez do corpo e, assim, melhorar a saúde óssea e muscular. Mas para a maioria das pessoas, especialmente os mais jovens, essa alegação não tem respaldo científico.
"Não temos evidência direta de que a água alcalina traga benefícios em relação à água comum", explica Bess Dawson-Hughes, endocrinologista e professora da Universidade Tufts.
Quando o sabor ajuda a se hidratar, tudo bem
Se o gosto ou o rótulo mais chamativo faz alguém beber mais água, isso já é um ganho. Muitas pessoas, especialmente idosos, bebem menos líquidos do que o necessário. Nesse contexto, o tipo da água pode ser secundário: o importante é manter a hidratação.
"Assim como acontece com bebidas adoçadas até certo ponto, se você não consumir em excesso, terá mais chances de se reidratar porque a bebida é adoçada ou saborizada", diz Fielding.
De olho no rótulo: sódio
Apesar de geralmente serem seguras, essas águas especiais podem conter adição de sódio e potássio que, mesmo sendo essenciais, em excesso podem ser prejudiciais.
O consumo diário de sódio para adultos não deve ultrapassar 2 gramas. Ingerir grandes quantidades de água com altos níveis de sódio pode aumentar o risco de hipertensão e outras complicações cardiovasculares.
Mas existe um jeito certo de se hidratar?
Especialistas sugerem que a hidratação comece logo no café da manhã, com a inclusão de alimentos e bebidas ricas em água, como iogurtes, frutas, sucos, e chás. É ideal distribuir o consumo de água ao longo do dia, bebendo pequenas quantidades de forma regular, sem um intervalo específico recomendado.
A nutricionista clínica Holly Gilligan, da Universidade de Rochester Medicine, ressalta que o famoso conselho de beber oito copos água diariamente não se aplica a todos, nem a todas situações. As necessidades de hidratação variam de acordo com fatores como o clima, a quantidade de suor, o nível de atividade física e condições específicas, como gravidez ou amamentação.
Um fator importante que pode ser levado em conta taxa de suor, ou seja, quantidade que você transpira durante um período de atividade física ou do cotidiano, segundo ela.
Para descobrir sua própria taxa de suor, pese-se antes e depois de um treino. Para cada quilo perdido, beba cerca de 700 ml de água. Então, se você perdeu dois quilos após uma sessão de treinamento, certifique-se de beber 1.400 ml de água.
*Com informações do Futurity