Febre oropouche em gestantes pode estar associada a casos de microcefalia em bebês; entenda
Alerta foi emitido pelo Ministério da Saúde após detecção de anticorpos do vírus em casos de anomalia congênita; veja como se prevenir
Wagner Lauria Jr.
O Ministério da Saúde fez um alerta sobre o risco de transmissão vertical da febre oropouche, ou seja, das gestantes para o feto. A nota técnica foi emitida após o Instituto Evandro Chagas (IEC), ligado à pasta da Saúde, detectar a presença do anticorpo do vírus em amostras de um caso de abortamento e outros quatro de microcefalia.
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De acordo com o último dado atualizado do Ministério da Saúde, de janeiro até 6 de julho deste ano 7.044 casos da doença foram registrados no país. Apesar da maior parte das contaminações ainda estar concentrada em dois estados da região norte do país, a doença também foi identificada nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
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A pasta também recomendou a intensificação da vigilância nas fases finais da gestação e no acompanhamento dos bebês de mulheres que tiveram dengue, zika, chikungunya, com coletas de amostras e preenchimentos de fichas de notificação para identificar novos casos.
O que é a febre oropouche?
Segundo o infectologista Marcelo Neubauer, a doença é uma arbovirose transmitida pela picada de um borrachudo, o Culicoides Paraense, e apresenta um mecanismo parecido com a transmissão da dengue. A grande diferença entre as duas, segundo o especialista, é que a oropouche conta com animais na natureza que podem ser seus hospedeiros. No caso da oropouche também, a contaminação acontece apenas em algumas áreas do país que são endêmicas, como a Amazônia, por exemplo.
A febre Oropouche foi identificada pela primeira vez no Brasil em 1960. Depois disso, foram relatados casos isolados e surtos, principalmente na região amazônica. Também ocorreram registros da doença no Panamá, na Argentina, Bolívia, no Equador, Peru e na Venezuela. Com a ampliação da investigação da infecção no país, foram confirmados 7.044 casos, com transmissão local em 16 estados.
O quadro sintomático também é parecido com a dengue.
Sintomas:
- Febre;
- Mal-estar;
- Dores no corpo e na cabeça;
- Artralgia (dores nas articulações);
- Diarreia;
- Tontura;
- Náusea.
O infectologista Werciley Vieira Jr disse que as dores no corpo na febre oropouche costumam ser mais intensas do que na dengue. No entanto, ele reitera que não é possível fazer o diagnóstico apenas observando o quadro sintomático do paciente.
Como é feito o diagnóstico?
O exame PCR (reação em cadeia da polimerase) possibilita a identificação do vírus no sangue e os testes sorológicos lgG e lgM mostram a presença de anticorpos específicos, também no sangue.
Como se prevenir?
A prevenção é parecida com os casos de dengue, chikungunya e outras doenças causadas pela picada do mosquito: uso de repelentes, blusa de manga longa e calça comprida em áreas de mata, além de telas e mosqueteiros.
Quais são os sinais de alerta?
Os principais indícios que devem deixar as pessoas atentas são a falta de hidratação, náusea, vômito e dor incontrolável. Pessoas imunossuprimidas, idosos, crianças e pessoas com comorbidades têm maior chance de complicações associadas à doença, segundo Vieira Jr.
Como é feito tratamento?
Ainda não existe um tratamento específico para a doença, no entanto, ele deve ser focado em aliviar os sintomas e o paciente também deve se manter hidratado.