Febre Oropouche: Brasil tem alta de casos em 2025; veja como identificar, prevenir e tratar
Foram 10.076 registros, um aumento de mais de 50% em relação ao ano passado; país teve as primeiras mortes pela doença no mundo em 2024

Wagner Lauria Jr.
O Brasil ultrapassou, nos primeiros cinco meses de 2025, a marca de 10 mil casos de febre Oropouche, uma infecção viral transmitida principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim (veja mais detalhes abaixo). Segundo dados do Ministério da Saúde, foram 10.076 registros até maio, número que representa um aumento de 56% em relação ao mesmo período do ano passado.
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A situação preocupa autoridades de saúde. Em 2024, o país teve as primeiras mortes confirmadas pela doença no mundo, segundo o Ministério da Saúde. Ou seja, foram os primeiros registros da literatura científica mundial: foram duas mulheres, de 21 e 24 anos, que moravam no interior da Bahia e não possuíam comorbidades.
Neste ano, Espírito Santo e Rio de Janeiro somam quatro óbitos confirmados – três no Rio e um no Espírito Santo.
Espírito Santo lidera casos
O estado do Espírito Santo concentra o maior número de infecções, com 6.123 casos confirmados. Em seguida, aparecem Rio de Janeiro (1.900 casos), Minas Gerais (682), Paraíba (640) e Ceará (573). Ao todo, 17 estados já relataram ocorrências da doença.
Veja a distribuição completa dos casos por estado:
- Espírito Santo: 6.123;
- Rio de Janeiro: 1.900;
- Minas Gerais: 682;
- Paraíba: 640;
- Ceará: 573;
- Amapá: 80;
- São Paulo: 36;
- Santa Catarina: 9;
- Paraná: 10;
- Rondônia: 7;
- Bahia: 5;
- Tocantins: 5;
- Pernambuco: 2;
- Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí e Roraima: 1 caso cada.
O que é a febre Oropouche?
A doença é uma arbovirose transmitida pela picada do borrachudo (o Culicoides Paraense) e apresenta um mecanismo parecido com a transmissão da dengue, segundo o infectologista, Marcelo Neubauer. A grande diferença entre as duas, de acordo com o especialista, é que a Oropouche conta com animais na natureza que podem ser seus hospedeiros, ou seja, transmitir a doença.
O quadro sintomático também é parecido com a dengue.
Sintomas:
- Febre;
- Mal-estar;
- Dores no corpo e na cabeça;
- Artralgia;
- Diarreia;
- Tontura;
- Náusea.
O infectologista Werciley Vieira Jr disse que as dores no corpo na febre Oropouche costumam ser mais intensas do que na dengue. No entanto, ele reitera que não é possível fazer o diagnóstico apenas observando o quadro sintomático do paciente.
Sinais de alerta
Os principais indícios que devem deixar as pessoas atentas são a falta de hidratação, náusea, vômito e dor incontrolável. Pessoas imunossuprimidas, idosos, crianças e pessoas com comorbidades têm maior chance de complicações associadas à doença, segundo Vieira Jr.
Diagnóstico
O exame PCR (reação em cadeia da polimerase) possibilita a identificação do vírus no sangue e os testes sorológicos lgG e lgM mostram a presença de anticorpos específicos, também no sangue.
Prevenção
A prevenção é parecida com os casos de dengue, chikungunya e outras doenças causadas pela picada do mosquito: uso de repelentes, blusa de manga longa e calça comprida em áreas de mata, além de telas e mosqueteiros.
Tratamento
Ainda não existe um tratamento específico para a doença, no entanto, ele deve ser focado em aliviar os sintomas e o paciente também deve se manter hidratado.