Fabiana Justus: veja como doar sua medula óssea e ajudar a salvar vidas

A influenciadora digital Fabiana Justus foi diagnosticada com leucemia no final de janeiro deste ano. Desde então, ela iniciou tratamento com quimioterapia, foi internada e fez um transplante de medula óssea. Nesta terça-feira (9), data que ela também comemorava seu aniversário de casamento de 13 anos com o empresário Bruno Levi D'Ancona, ela anunciou que o transplante deu certo.

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"Desde o dia do transplante eu falava que meu sonho era que pegasse a medula no dia do nosso aniversário de casamento. Eram 6:15 da manhã e eu liguei para ele gravando a tela, mas o exame que aparecia para mim era só um dos marcadores, o mais importante não estava aparecendo. Eu não estava acreditando até que a enfermeira Camila me confirmou, que a medula pegou e os números estavam realmente muito bons", contou.

O câncer de Fabiana, que é filha do empresário e apresentador Roberto Justus, acomete a medula óssea. Encontrada no interior dos ossos, a medula é um tecido líquido-gelatinoso (conhecido como 'tutano') responsável pela produção de células sanguíneas. O câncer compromete as funções da medula. Uma das opções de tratamento é o transplante. Nele, os médicos reduzem a presença das células cancerosas a praticamente zero com tratamento quimioterápico e, depois, implantam líquido da medula de um doador. Quando o procedimento é bem-sucedido, a nova medula começa a produzir as células sanguíneas. É o que aconteceu com Fabiana.

A doação de medula óssea também pode ser importante em caso de anemias graves e imunodeficiência – como HIV, por exemplo. O procedimento é relativamente simples e traz esperança para os pacientes.

Como posso me tornar um doador?

Primeiro, você precisa se encaixar nesses requisitos: ter entre 19 e 35 anos, estar saudável, não ter doença transmissível pelo sangue, como HIV ou hepatite, nem histórico de câncer ou doença autoimune.

Depois, você pode se cadastrar em algum hemocentro, que são os locais onde o sangue é coletado e armazenado. É possível consultar o local mais próximo de você usando o CEP no site da Redome (Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea), onde os dados dos doadores ficam armazenados. É necessário apenas apresentar um documento de identidade. Após o cadastro, é preciso verificar se você pode ser um doador de sangue.

O passo seguinte é: verificar a compatibilidade com o paciente que precisa receber a medula. A gerente do hemocentro de Brasília, Kelly Barbie, ressalta que, para fazer essa verificação, é necessário a coleta de apenas um "tubinho de sangue".

"É uma amostra coletada para dar suporte a um exame de compatibilidade genética entre o doador e o paciente que precisa do transplante", explica

De acordo com o hemocentro de Brasília, casos com 100% de compatibilidade são raros – um a cada 100 mil pessoas. Por isso, às vezes pode demorar mais de uma década para que o transplante ocorra.

Segundo o Redome, a probabilidade encontrar um doador compatível na família é de 25%. Havendo um irmão totalmente compatível (100%), este será a primeira escolha. A análise é feita por médicos e a equipe especializada do órgão.

Como é o procedimento?

Se o exame de sangue avaliar que sua medula é compatível com um paciente, é preciso fazer exames clínicos para confirmar se o doador está, de fato, sadável. Existem dois tipos: a punção e por aférese. A decisão sobre o método é dos médicos que estão acompanhando o doador, de acordo com o o órgão.

Punção

O procedimento consiste em uma punção realizada sob anestesia geral, que tem duração de aproximadamente 90 minutos, para retirar parte da medula, localizada no interior do osso da bacia. Ao contrário do que muitos pensam, é retirado no máximo 10% do volume de medula do doador, segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), nesses casos o doador pode relatar dor no local da punção (quadril), o que pode passar após alguns dias ou pela administração de analgésicos comuns.

Aférese

Nesse caso, o doador precisa tomar um remédio por cinco dias antes do procedimento para aumentar a produção de células-tronco no corpo, de acordo com o Redome. Com duração de 3 a 4 horas, a coleta é feita sem utilização de anestesia por uma máquina de aférese, responsável por colher o sangue de duas veias do doador e separar as células-tronco dos outros componentes do sangue que não são necessários para o paciente que receberá a medula, devolvendo-os ao doador.

Quanto tempo demora a recuperação para o doador?

A maioria dos doadores consegue retornar às suas atividades habituais após uma semana, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No caso da Aférese, o tempo é ainda menor. Além disso, cerca de duas semanas após a doação o organismo do doador estará recuperado.

Brasil tem o terceiro maior registro de doadores voluntários no mundo

Apesar de ser um dos maiores do mundo, o número de pessoas cadastradas no sistema (5 milhões e 600 mil) representa menos de 3% da população brasileira.

Quem é doador tem direito a atendimento preferencial em alguns estados do país. Além disso, há um Projeto de Lei em tramitação na Câmara dos Deputados que prevê instituir a meia-entrada em eventos culturais e esportivos para doadores regulares de sangue, plaquetas e de medula óssea.