Estresse térmico: saiba como o calor extremo impacta na saúde mental
Temperaturas elevadas podem agravar condições como depressão e aumentar o risco de violência
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SBT News
Um estudo feito pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicou que o aumento acelerado das mudanças climáticas é uma grande ameaça à saúde mental e ao bem-estar psicossocial. O estresse térmico é um termo técnico para definir o impacto do aumento das temperaturas no corpo humano, além do valor normal de 36°C.
Por causa das ondas de calor no Brasil nos últimos dias, o Ministério da Saúde emitiu um alerta: "A exposição prolongada ao calor extremo também pode agravar condições de saúde mental, como ansiedade e depressão, e aumentar o risco de violência e comportamento agressivo".
Segundo a psicóloga Julia Grecco, existem evidências, que ainda estão sendo estudadas, que apontam que no verão nos sentimos mais estressados e com maiores níveis hormonais de cortisol, popularmente conhecido como o hormônio do estresse, do que no inverno.
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Pelo menos seis estados, dentre eles Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, estão sob alerta do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) por causa das temperaturas elevadas. A umidade relativa do ar também está mais alta que o normal. Assim, o suor não consegue evaporar o suficiente para reduzir a temperatura corporal e aumentando a sensação térmica.
Em 2023, um estudo do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ) concluiu que 38 milhões de brasileiros sofrem com estresse térmico. Alguns dos sintomas que podem ser apresentados nesses casos são: tontura, sensação de desmaio, enjoo e dor de cabeça.
Para minimizar os efeitos e evitar esse problema, Julia indica: "Ter uma moradia que diminua os efeitos do calor, assim como diminuir a exposição a ambientes e situações que aumentem os níveis de irritabilidade são recomendados".
Com base em guia da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o Ministério da Saúde lançou um manual sobre mudanças climáticas para profissionais de saúde que diz que internações por problemas de saúde mental aumentam 7% durante as ondas de calor. "Com as mudanças climáticas, mais pessoas passaram a se perguntar a respeito das perspectivas de vida, questionamentos desse gênero acionam uma espécie de sistema de alerta, podendo causar pânico e grandes proporções de ansiedade", comenta a psicóloga.
Um estudo, realizado pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, notou uma relação entre a temperatura corporal e a depressão. Pesquisadores identificaram que a doença afeta os pacientes de diversas maneiras, inclusive alterando a temperatura do corpo. Com isso, o grau de calor de pessoas diagnosticadas já seria normalmente maior.
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Outro dado chama a atenção no guia do Ministério da Saúde: "Medicamentos psicotrópicos podem interferir na capacidade de termorregulação e aumentar o risco de distúrbios relacionados ao calor".
Isso acontece porque neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina, têm seus níveis alterados em temperaturas elevadas. E alguns dos medicamentos usados para tratar doenças mentais, por vezes, perdem o efeito ou aumentam o impacto do calorão.