Congresso e governo disputam protagonismo em pautas econômicas com foco popular
Em meio a divergências, governo federal defende taxação dos super-ricos e Congresso acelera projetos de apelo social
Murilo Fagundes
Em meio à disputa de narrativas com o governo federal, o Congresso se prepara para votar pautas econômicas de maior apelo popular. Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, intensifica a defesa da taxação dos super-ricos.
A discussão sobre o IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras, ainda está longe de terminar. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou uma audiência de conciliação entre governo e Congresso dentro de dez dias. Mesmo assim, os dois lados já miram outros temas da agenda econômica.
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Neste sábado, o governo fez uma defesa pública do projeto que isenta de Imposto de Renda quem ganha até R\$ 5 mil, além de propor a taxação dos chamados super-ricos, em um percentual semelhante ao pago pela maioria da população.
Durante a reunião dos BRICS, no Rio de Janeiro, o ministro Fernando Haddad declarou apoio a uma cooperação internacional que garanta a cobrança de tributos de quem ganha mais.
“Trata-se de um passo decisivo rumo a um sistema tributário global mais inclusivo, justo, eficaz e representativo. Uma condição para que os super-ricos do mundo finalmente paguem a sua justa contribuição em impostos”, afirmou o ministro.
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A defesa de que os mais ricos paguem mais imposto é uma das principais apostas do governo para tentar mudar o clima nas redes sociais e reverter a queda de popularidade. De olho nesse movimento, o Congresso prepara sua própria estratégia. A ideia é acelerar a votação de projetos com maior aceitação popular, como a proposta de isenção do Imposto de Renda.
Para equilibrar as contas da União, também avança o projeto que restringe incentivos fiscais concedidos pelo governo federal.
“Ele regulamenta, para frente, quem poderá ter direito ou não à isenção fiscal, à renúncia fiscal, que é o nome técnico. Porém, queremos apresentar um substitutivo, porque essa renúncia fiscal chega hoje, no Brasil, a R\$ 800 bilhões por ano. Muitos setores do grande empresariado não pagam impostos”, explicou o deputado Rogério Correia (PT-MG).
A oposição, por sua vez, concorda em votar projetos com foco social, mas critica a estratégia do governo.
“O Congresso Brasileiro é responsável com as contas públicas. Nós não vamos cair no populismo barato dos governos de esquerda. Logicamente, temos que entender o anseio da população e buscar o que é melhor. O que nós não vamos aceitar em nenhuma hipótese é o aumento de impostos”, declarou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido.