Exportações brasileiras sofrem impacto com novas tarifas dos EUA, mas saldo segue positivo
Setores como celulose e engenharia registram queda, enquanto carne, sucos e café sustentam crescimento nas exportações
SBT Brasil
Os últimos meses acenderam um alerta em setores da produção nacional. O temor em torno da taxação extra de produtos que entram nos Estados Unidos se mostrou justificado.
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Um levantamento da Câmara Americana de Comércio para o Brasil mostra que cinco das dez principais mercadorias exportadas, em maio, para os Estados Unidos tiveram queda nas vendas, na comparação com os dados de 2024. Entre os itens taxados, os equipamentos de engenharia e a celulose registraram as piores retrações.
Para o diretor do órgão responsável pelo estudo, o resultado da celulose veio da perda de competitividade, já que outros países não sofreram a mesma taxação que o Brasil.
"Após a aplicação das tarifas, o Canadá manteve o zero porque ele tem um acordo de comércio com os Estados Unidos e o Brasil subiu pra 10%. Então, o mercado que a gente tinha conquistado muito nos últimos anos de celulose nos Estados Unidos, a gente está perdendo para um concorrente importante porque ele está entrando com condições muito mais favoráveis", afirmou Fabrizio Panzini, diretor de Políticas Públicas da Amcham-Brasil.
Até agora, as baixas registradas em alguns setores produtivos não foram suficientes para afetar o panorama geral de vendas para os Estados Unidos. De janeiro a maio deste ano, as exportações totais tiveram crescimento de 5%. A alta foi sustentada por produtos específicos, como a carne bovina, com aumento de 196%, e os sucos de frutas, com crescimento de 96,2%, que registraram baixa produção nos Estados Unidos.
Outro setor que se manteve competitivo, mesmo com as tarifas extras, foi o da produção de café, com crescimento de 42,1%. Para manter a movimentação comercial, indústrias nacionais, como a do aço, têm apostado na diminuição dos preços - entre janeiro e maio, a queda no preço médio foi de 16,4%. Desde junho, a tarifa imposta sobre o aço brasileiro subiu de 25% para 50%.
Enquanto articulam as vendas com outros países, produtores e empresários sonham com o avanço das negociações com o governo americano.
"O desfecho mais que o setor empresarial deseja é que se tenha um acordo entre os governos de Brasil e Estados Unidos para que se tenha pelo menos uma cota, se dê uma previsibilidade para a produção interna", concluiu Panzini.