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Saúde

Emoções que adoecem: como sentimentos afetam diretamente os órgãos do corpo

Estudos comprovam que sofrimento emocional pode gerar sintomas físicos reais e impactar diretamente a saúde dos órgãos

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Emoções que adoecem: como sentimentos afetam diretamente os órgãos do corpo | Freepik
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A ideia de que as emoções influenciam a saúde física é antiga, mas só recentemente a ciência tem conseguido comprovar, com evidências robustas, a profundidade dessa relação.

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Estudos mostram que estados emocionais como estresse crônico, tristeza, ansiedade e trauma não apenas afetam o humor, mas também podem contribuir diretamente para o surgimento de sintomas físicos e doenças, um processo conhecido como somatização.

Em situações de sofrimento emocional persistente, o corpo entra em estado de alerta contínuo. O eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) é ativado, liberando grandes quantidades de cortisol e adrenalina.

Quando esse mecanismo permanece ativo por tempo prolongado, pode causar desequilíbrios no sistema imunológico, cardiovascular, endócrino e até gastrointestinal.

O Harvard Health Letter (1998) mostrou como o estresse prolongado pode desencadear ou agravar condições como hipertensão, doenças autoimunes, obesidade abdominal e insônia, além de reduzir a eficiência do sistema imunológico, tornando o organismo mais vulnerável a infecções e inflamações.

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O corpo guarda o que a mente não elabora

O impacto das emoções negativas se torna ainda mais profundo quando se trata de experiências traumáticas precoces. Um estudo recente de Greenman et al. (2024), publicado na Healthcare (Basel), investigou o papel do trauma infantil e dos vínculos afetivos no desenvolvimento de sintomas somáticos na vida adulta. Os autores observaram que sobreviventes de trauma infantil apresentaram níveis mais altos de dor física, fadiga, distúrbios funcionais e sintomas gastrointestinais, mesmo quando não havia evidências clínicas claras de doença.

Outro aspecto relevante é a influência de traços de personalidade e estados afetivos sobre o corpo. Brown et al. (1997), no Journal of Personality and Social Psychology, demonstraram que indivíduos com maiores níveis de afetos negativos e traços de neuroticismo apresentavam mais queixas físicas, como cefaleia, desconforto abdominal, dores musculares e palpitações, mesmo na ausência de doenças diagnosticáveis.

Dor crônica e sofrimento emocional: uma via de mão dupla

A dor crônica é uma das manifestações mais frequentes de emoções mal processadas. Uma análise de 2024 utilizando dados do UK Biobank, conduzida por Chen et al., revelou uma grande variabilidade nos níveis de depressão entre pacientes com dor crônica, reforçando o elo entre sofrimento psíquico e dor física. Esses dados indicam que a abordagem apenas medicamentosa da dor é limitada quando não se considera o componente emocional do paciente.

Medicina integrativa e o cuidado com o todo

A medicina integrativa, assim como a fisioterapia integrativa, que une recursos da medicina tradicional com práticas complementares, tem sido uma grande aliada na abordagem dessa complexidade. Ela reconhece que emoções mal resolvidas podem se expressar por meio do corpo e que tratar apenas o sintoma físico, sem considerar o estado emocional do paciente, pode levar a recidivas e cronificações.

Práticas como psicoterapia, meditação, mindfulness, exercícios de respiração e atividade física regular têm mostrado bons resultados na prevenção e no tratamento de sintomas somáticos relacionados ao estresse e às emoções negativas. O autocuidado emocional não é luxo – é uma estratégia terapêutica preventiva e eficaz.

Corpo e mente: uma conexão inegável

A mensagem da ciência é clara: o corpo e a mente não são entidades separadas. Emoções reprimidas, traumas ignorados e sentimentos não elaborados têm consequências diretas sobre a saúde física. Assim, promover o bem-estar emocional não é apenas uma questão de saúde mental – é uma maneira essencial de proteger todo o organismo.

Reconhecer, acolher e transformar o que sentimos são atitudes que fazem parte do cuidado com a saúde integral. Afinal, como bem ensina a medicina contemporânea: a verdadeira cura começa quando o paciente é visto como um todo – corpo, mente e emoções em equilíbrio.

Referências:

1. 1. Greenman PS et al. How Does Trauma Make You Sick? The Role of Attachment in Explaining Somatic Symptoms of Survivors of Childhood Trauma. Healthcare (Basel). 2024.

*João Douglas Gil é Head Nacional de Fisioterapia da Brazil Health credenciado pelo CREFITO 313198)

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