Covid-19 retrocedeu mais de uma década de ganhos na expectativa de vida, diz OMS
Índice caiu para 71,4 anos, chegando ao mesmo nível de 2012; impacto foi diferente a nível regional
Camila Stucaluc
A pandemia de Covid-19 retrocedeu a tendência de aumento da expectativa de vida em todo o mundo. É o que aponta um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), no qual aponta que uma década de ganhos foi destruída em dois anos. Ao todo, o indicador caiu 1,8 anos, chegando a 71,4 anos – mesmo nível contabilizado em 2012.
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A nível regional, as Américas e o Sudeste Asiático sentiram o maior impacto do coronavírus, com a expectativa de vida caindo cerca de três anos. Em contraste, os países do Pacífico Ocidental foram minimamente afetados durante os primeiros dois anos da pandemia, com perda inferior a 0,1 ano na expectativa de vida.
Em resposta ao levantamento, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, destacou a fragilidade dos avanços na saúde global quando confrontados com emergências sem precedentes como a pandemia, que causou mais de 7 milhões de mortes confirmadas. Ele destacou a importância do Acordo Pandêmico, assinado pelos Estados-membros.
"A pandemia afetou o mundo, de muitas maneiras, e foi por isso que os Estados-Membros iniciaram um processo para desenvolver um acordo pandêmico para tornar o mundo melhor preparado para a próxima pandemia. Ele é importante não apenas para fortalecer a segurança sanitária global, mas para proteger os investimentos de longo prazo na saúde e promover a equidade dentro e entre os países”, disse Adhanom.
Doenças crônicas, desnutrição e obesidade
Segundo a OMS, a Covid-19 foi a terceira maior causa de morte a nível mundial em 2020 e a segunda maior um ano depois. Antes da pandemia, no entanto, as doenças não transmissíveis foram as principais causas de morte no mundo, sendo responsáveis por 74% de todas os óbitos em 2019.
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Outras causas de encurtamento da vida que foram reveladas no estudo são a desnutrição e a obesidade. Em 2022, mais de 1 bilhão de pessoas com cinco anos ou mais viviam com obesidade, enquanto mais de meio bilhão tinham peso abaixo da média. Em relação à desnutrição, 148 milhões de crianças foram afetadas por atraso no crescimento.