Como parar de fumar? OMS lança diretrizes para tratar dependência do cigarro; veja dicas
Publicação inédita traz medicamentos e terapias fornecidos pelo SUS e vale também para cigarros eletrônicos, os "vapes"
Quer parar de fumar? A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez uma publicação inédita, nesta terça-feira (2), reunindo um conjunto de diretrizes para tratar a dependência do tabaco. A intenção é ajudar os mais de 750 milhões de pessoas que desejam abandonar o hábito.
Parar de fumar antes dos 40 anos pode igualar expectativa de vida com quem nunca fumou, diz estudo
Dentre as medidas elencadas pela OMS, estão a combinação de todas as medidas como apoio comportamental por profissionais de saúde, tratamentos farmacológicos (por remédios) e terapêuticos e intervenções digitais, que podem ser feitas por aplicativos de autogestão — Quit Now! e Parar de Fumar são os mais baixados no momento.
O consumo de tabaco não se refere apenas aos tradicionais cigarros de maço, como também narguilés, produtos de tabaco sem combustão, charutos, tabaco de enrolar e produtos de tabaco aquecido, os famosos cigarros eletrônicos, que têm uma quantidade de tabaco ainda maior comparado ao "cigarro comum", segundo especialistas ouvidos pelo SBT News.
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“Essas diretrizes representam um marco crucial na nossa batalha global contra esses produtos perigosos”, avaliou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus
O que a OMS recomenda na prática?
Abordagem medicamentosa e terapêutica
Na parte dos medicamentos, pelo menos quatro são indicados. Vareniclina, o medicamento que demonstrou maior eficácia para diminuir o desejo intenso de fumar, além de aliviar crises de abstinência e sintomas mentais e físicos que ocorrem após a interrupção ou diminuição do consumo da nicotina. No entanto, devido ao seu alto custo, o medicamento tem custo médio de R$ 1732 e não está na rede pública de Saúde.
Além disso, a OMS cita os antidepressivos Bupropiona ou cloridrato de bupropiona (antidepressivo), que são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde e Citisina (fármaco à base de plantas), que pode ser um tratamento de baixo custo eficaz no auxílio para cessação do tabagismo, segundo estudo inglês e polonês publicado na New England Journal of Medicine.
Outra abordagem é a terapia de reposição de nicotina (TRN), também é oferecida pelo SUS, e pode ser feita, segundo critério clínico, utilizando goma de mascar de nicotina, pastilha de nicotina ou adesivo transdérmico de nicotina.
Abordagem comportamental (online e presencial)
Na parte do acompanhamento profissional, a OMS inclui aconselhamento breve com profissionais de saúde, com tempo médio de 30 segundos a três minutos, oferecido como rotina em ambientes de cuidados em saúde, além de apoio comportamental mais intensivo por meio de aconselhamento individual, em grupo ou por telefone.
No SUS, são oferecidas sessões em pelo menos 80 unidades de saúde espalhadas pelo país, onde profissionais são treinados pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer) para ajudar os fumantes na identificação de situações que os levam a fumar e a conviver com elas.
Além disso, a Organização recomenda ferramentas digitais e online, via aplicativos ou por mensagem, que podem ser usados como “complementos ou ferramentas de autogestão” no tratamento do vício.
Quais são os benefícios de largar o cigarro?
O jornalista Adriano Ortolani fumou durante 19 anos. Há sete, tomou uma decisão que mudou a vida: largar o vício e praticar atividades físicas. Ele começou a correr e fez até uma meia maratona no ano passado. Os benefícios?
"Tem a questão respiratória, a parte dos dentes, que ficam amarelos, você perde olfato, tenho sinusite. Depois de um tempo sem fumar, você recupera tudo o que tinha perdido", disse o jornalista, Adriano Ortolani.
Um estudo da Universidade de Toronto, divulgado em fevereiro deste ano, traz uma boa notícia pra quem toma a mesma decisão de parar de fumar. É que o corpo consegue se regenerar contra alguns danos causados pelo uso contínuo do tabaco.
De acordo com o levantamento, pessoas que param de fumar, principalmente antes dos 40 anos, podem esperar viver quase tanto quanto aqueles que nunca fumaram.
Os pesquisadores analisaram dados de 1,5 milhão de adultos em quatro países (EUA, Reino Unido, Canadá e Noruega), que foram acompanhados ao longo de quinze anos. Os fumantes com idades entre 40 e 79 anos tinham um risco quase três vezes maior de morrer em comparação com aqueles que nunca fumaram. Isso significa até 13 anos de vida a menos.
"Parar de fumar é a melhor atitude para a saúde em qualquer idade, qualquer tempo, independentemente de quanto você já fumou", afirmou Irma Godoy, professora titular de Pneumologia na Faculdade de Medicina de Botucatu.