Caso Isabel Veloso: cuidados paliativos são só para pacientes terminais? Entenda
Médica que acompanha a paciente informou que ela está com o câncer estável, apesar de não responder mais aos tratamentos
A influenciadora Isabel Veloso, de 18 anos, diagnosticada com Linfoma de Hodgkin em 2021 está com um câncer estável e controlado, mas "sob cuidados paliativos", informou a médica Melina Banco Behn, que acompanha a paciente, nesta terça-feira (27).
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Nesse caso, segundo a médica, o câncer não se caracteriza como em estágio terminal, pois esse "é um termo usado para se dirigir ao paciente em que o processo ativo de morte se iniciou e não tem retorno". Isabel, que chegou a afirmar ter seis meses de vida pela frente, explicou o caso dela pelas redes sociais.
“A minha doença era terminal, eu tinha um tempo estimado de vida e não tinha a certeza de que a doença iria se estabilizar. Ela se estabilizou e eu não sou mais uma paciente terminal e, sim, uma paciente com cuidados paliativos”, disse.
De acordo com Melina, a gravidez de Isabel, anunciada em 11 de agosto, Dia dos Pais, não era recomendada. Algumas medicações paliativas, como o cannabidiol, precisaram ser suspensas com a gestação.
Desde que foi diagnosticada, Isabel passou por diversos tratamentos, como a quimioterapia e, por último, hormonioterapia. Nenhum deles teve uma boa resposta, o que fez com que se considerasse apenas a administração de cuidados paliativos, de acordo com o oncologista que acompanha a paciente, Bruno Bereza.
Cuidados paliativos são apenas para pacientes terminais?
Cuidados paliativos são princípios e protocolos focados em prevenir e controlar o sofrimento das pessoas que convivem com doenças crônicas e graves. O médico paliativista do Hospital das Clínicas Douglas Crispim traz exemplos de condições que podem gerar esse tipo de atendimento: doenças do coração, rim, fígado, pulmão, câncer, Alzheimer, sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC).
"Em geral, o tratamento paliativo é necessário para pessoas que ficaram ou estão acamadas pela sua condição clínica. O foco é ajudar a pessoa e a família a terem uma vida mais normal possível convivendo com essa doença", ressalta.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, a cada ano, mais de 56,8 milhões de pessoas precisam desse tipo de abordagem mas, desse total, apenas 1 em cada 10 recebem o atendimento.
Brasil tem 16 vezes menos cuidados paliativos do que recomendado
O último Atlas de Cuidados Paliativos, divulgado em 2023, revela que aumentou o número de unidades de saúde que prestam esse atendimento no país: 18,37% a mais em 2022, no comparação com 2019, mas, segundo Crispim, o numero ainda é insuficiente para promover conforto aos pacientes.
"Daquilo que é recomendado mundialmente, o Brasil, mesmo com crescimento que já teve, tem um serviço para mais de um milhão de pessoas", disse
Ao todo, são 234 unidades de saúde que oferecem o esse tipo de abordagem. Segundo Associação Europeia de Cuidados Paliativos, o ideal são duas unidades para cada 100 mil habitantes. O país tem 16 vezes menos unidades por habitante do que o recomendado.