Carol Ribeiro: quais são as semelhanças entre menopausa e esclerose múltipla?
Modelo e apresentadora de 43 anos só recebeu o diagnóstico de neurologia crônica quase 10 anos após início dos sintomas; entenda

Wagner Lauria Jr.
A modelo e apresentadora Carol Ribeiro, de 43 anos, revelou sua jornada de quase uma década até descobrir que tinha esclerose múltipla, condição que atinge ao menos 40 mil brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM). Ela concedeu uma entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, neste domingo (13),
Segundo ela, os primeiros sintomas surgiram em 2015, mas durante anos foram atribuídos ao estresse, à menopausa e até à síndrome do pânico.
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"Era um formigamento e, realmente, eu ficava sacudindo a mão como se eu tivesse dormido em cima desse braço", conta a modelo ao lembrar do episódio em que perdeu momentaneamente os movimentos da mão esquerda.
Ao longo dos anos, ela também enfrentou falhas esporádicas durante desfiles e dificuldades para se expressar com clareza. Mesmo com os sinais persistentes, a rotina intensa de trabalho a impediu de investigar mais a fundo os alertas do corpo.
“Era um calorão, aí vinha essa ansiedade descontrolada assim, um cansaço extremo. Eu lembro que fiquei 17 dias sem dormir”, relatou a apresentadora.
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Para tentar aliviar os sintomas, Carol passou a tomar vitaminas e suplementos por conta própria. Chegou a procurar médicos, que sugeriram causas diversas — de deficiência de ferro a problemas na tireoide —, mas nenhuma explicação definitiva foi encontrada.
O diagnóstico só veio em 2023, oito anos após os primeiros sintomas. A virada aconteceu graças à amiga Ana Claudia Michels, modelo e médica, que orientou Carol a suspender os suplementos e procurar um especialista que conhecesse seu histórico. A partir daí, ela recorreu à sua ginecologista, que a encaminhou a um neurologista.
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Uma ressonância magnética confirmou a esclerose múltipla.
Por que a esclerose pode ser confundida com menopausa?
Com causas que vão desde a falta de exposição ao sol, até poluição e tabagismo, com influências genéticas — países e regiões mais próximas da linha do equador tendem a ter menor incidência da doença — esse dano à mielina interrompe a comunicação entre o cérebro e o resto do corpo, e faz com que os pacientes de esclerose passem a sentir uma ampla gama de sintomas, segundo o neurologista Guilherme Olival, diretor médico da ABEM.
Os principais sintomas da esclerose podem ser confundidos com a menopausa: fadiga extrema, problemas de coordenação e equilíbrio, perda de força e formigamento em uma região do corpo.
Na avaliação do especialista, apesar da doença não ter cura, é essencial procurar ajuda médica ao menor sinal dos sintomas no corpo para que ela seja controlada.
"Tem um paciente meu que permanece com a doença estável há 14 anos. Sem nenhuma atividade da doença, mas apenas ficando uma sequela, como a visão dupla ao olhar para o extremo esquerdo", explica.
O diagnóstico da doença é feito por exame neurológico, ressonância magnética e extração de liquor.
Além de Carol, outras atrizes brasileiras como Cláudia Rodrigues, Ana Beatriz Nogueira e Guta Stresser enfrentam a doença, que é mais comum entre as mulheres, principalmente na faixa etária entre 20 e 40 anos, segundo o Hospital Oswaldo Cruz.

Tratamentos de esclerose vivem uma "revolução", mas falta acesso à população
Olival aponta que o Brasil vive uma revolução no tratamento de esclerose múltipla desde 2011, quando partimos para tratamentos de alta eficácia. No entanto, ainda falta acesso a parte da população.
"A gente tem alguns medicamentos que têm a capacidade de controlar aproximadamente 90% dos casos. Hoje a esclerose múltipla é considerada a doença neurológica que a medicina tem a maior intervenção e mudança da evolução natural, uma dificuldade que a gente enfrenta ainda é o acesso a esses remédios", ressalta.
Alguns medicamentos podem custar até R$ 60 mil por mês. Eles são extremamente eficazes no tratamento da doença e, ainda que estejam no rol Agência Nacional de Saúde (ANS), não são fornecidos por alguns planos de saúde. Além disso, pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) sofrem com a falta do medicamento em alguns casos.
Segundo o especialista, os medicamentos mais indicados, conhecidos como de alta potência, são: Mavenclad, Ocrevus, Tysabri, Kesimpta e Lemtrada.