Publicidade
Saúde

Câncer colorretal que matou Preta Gil é comum em pessoas com até 50 anos? Veja sinais de atenção

Segundo especialista, histórico familiar não é o principal fator de risco, que envolve, principalmente, elementos externos; entenda

• Atualizado em
Publicidade

A cantora Preta Gil morreu aos 50 anos, nesse domingo (20), após uma longa e corajosa batalha contra um câncer colorretal, diagnosticado em janeiro de 2023.

Ao longo de pouco mais de um ano, a artista passou por diferentes fases do tratamento, incluindo quimioterapia, radioterapia, cirurgia e, por fim, um estudo clínico experimental nos Estados Unidos, conhecido como terapia-alvo. No entanto, a doença evoluiu de forma agressiva e acabou levando à sua morte.

+ Preta Gil: por que o câncer pode voltar?

A despedida precoce de Preta Gil levanta um alerta: por que o câncer de intestino tem afetado cada vez mais pessoas com menos de 50 anos?

O coloproctologista Alexandre Nishimura explica que o câncer colorretal, ao contrário do que muitos pensam, não é raro nem exclusivo de idosos.

+ Ator de Dawson's Creek é diagnosticado com câncer colorretal após notar mudanças intestinais

"É um dos três tipos de câncer mais comuns no Brasil. E, sim, pode atingir pacientes jovens. Não é algo tão raro. A diferença é que, nesses casos, muitas vezes os sintomas aparecem tardiamente, o que atrasa o diagnóstico", afirma o médico.

+ Mulher descobre câncer avançado no intestino anos após começar a sentir dores abdominais

Sinais que merecem atenção

Segundo Nishimura, os sintomas mais frequentes incluem sangramento nas fezes, alteração do hábito intestinal (como diarreia ou prisão de ventre), cólicas abdominais, distensão abdominal, anemia sem causa aparente, perda de peso e, em alguns casos, vômitos.

"O grande problema é que mais da metade dos pacientes, no momento do diagnóstico, quase não apresenta sintomas – ou só os notou muito recentemente. Foi o caso da Preta Gil. Ela teve manifestações clínicas muito próximas do diagnóstico, mas o tumor já estava ali há anos, se desenvolvendo silenciosamente", explica o especialista.

Fatores de risco e prevenção

Diferentemente do que se imagina, o histórico familiar não é o principal fator de risco.

"Muitas pessoas acham que, por não terem casos na família, não precisam se preocupar. Mas cerca de 80% dos novos casos estão ligados a fatores externos, como alimentação inadequada, sedentarismo, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo e obesidade", alerta o coloproctologista.

Alimentos ultraprocessados, embutidos, frituras e dietas pobres em fibras aumentam significativamente o risco. Por outro lado, a prática regular de atividade física, o controle do peso e uma alimentação balanceada ajudam na prevenção, segundo Nishimura.

Diagnóstico precoce

Exames como a colonoscopia, indicados a partir dos 45 anos – ou antes, caso haja fatores de risco –, podem identificar lesões precoces e até impedir que um pólipo evolua para um câncer.

Segundo o oncologista Márcio Almeida, cerca de 98% dos casos de câncer são o adenocarcinoma.

"Esse câncer é o mais comum e se desenvolve do pólipo, que era um adenoma simples, pequeno, que não foi tratado e começou a crescer até se tornar um câncer", explica.

Segundo o médico, uma lesão pode durar de cinco a sete anos para virar um câncer. A colonoscopia consegue detectar uma lesão pré-maligna ou benigna antes de ser um câncer.

"Quanto mais cedo for detectado, maiores as chances de cura. Por isso, é essencial ouvir o corpo e não subestimar sinais como sangramento ou dores persistentes", ressalta Nishimura.

Como foi o tratamento de Preta Gil?

A artista foi diagnosticada no início de 2023 com adenocarcinoma, um tipo de tumor maligno no reto e chegou a anunciar a remissão da doença.

No entanto, em agosto de 2024, a cantora anunciou a retomada do tratamento contra o câncer após detectar o retorna da doença por exames de rotina. Na ocasião, anunciou que a doença voltou em "quatro lugares diferentes": dois linfonodos, uma metástase no peritônio e uma lesão na ureter (tubos que transportam a urina nos rins).

No final de dezembro do ano passado, a cantora e empresária passou por uma cirurgia com duração de cerca de 21 horas, com o objetivo de retirar tumores. Ela revelou que a recuperação tem sido desafiadora.

"Só melhora. Mas é difícil. É um reaprender a fazer muitas coisas. Eu tô aprendendo a lidar com a bolsa de colostomia, dessa vez definitiva. Eu vou ficar para sempre com essa bolsinha e sou muito grata a ela por isso", declarou na época.

Por fim, ela foi submetida a um estudo clínico experimental nos Estados Unidos, conhecido como terapia-alvo.

Por que o câncer pode voltar?

O termo recidiva é usado pela literatura médica para definir o retorno de uma doença. No caso do câncer, ainda que em um primeiro momento ocorra a remissão completa, ele pode retornar quando pequenas áreas tumorais ficam no corpo, as "micrometástases", que não são detectáveis em exames de imagem, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).

"Mesmo com o tratamento que tinha intenção de curar o câncer, ele pode voltar", ressalta Clarissa Baldotto, oncologista clínica e membro do Comitê de Tumores do Sistema Nervoso Central da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

De acordo com a SBOC, o retorno da doença pode acontecer no mesmo local onde foi diagnosticado inicialmente (recidiva local) ou em outras regiões do corpo, podendo ser uma área próxima a do diagnóstico inicial (regional) ou em outra parte do corpo, geralmente distante de onde ocorreu pela primeira vez (metastática distante ou à distância).

Por exemplo, seria o caso de um paciente inicialmente com câncer de mama, mas que na recidiva desenvolve a doença nos ossos.

Geralmente, segundo Clarissa, a recidiva é detectada em consultas de retorno, que devem ser realizadas de três em três meses no início, depois o tempo vai aumentando. Nessas consultas, os médicos costumam indicar exames como tomografia e pet-scan.

Publicidade

Assuntos relacionados

Preta Gil
Saúde
Câncer
Ciência
Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade