Mulher descobre câncer avançado no intestino anos após começar a sentir dores abdominais
Heather Candrilli, de 36 anos, chegou a procurar atendimento médico e, inicialmente, atribuiu os incômodos à alimentação; entenda

Wagner Lauria Jr.
Heather Candrilli, de 36 anos, conviveu com episódios frequentes de inchaço e dores abdominais durante anos. Sem grandes alardes, atribuía os incômodos à alimentação e seguia a rotina normalmente.
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A descoberta de um câncer de intestino em estágio 4, feita apenas em 2024, mudou completamente a vida dela e da família.
Moradora de Nova York e mãe de dois filhos pequenos, Heather demorou a receber o diagnóstico correto. Apesar de ter procurado atendimento médico diversas vezes, seus sintomas foram investigados como possíveis doenças autoimunes, como doença celíaca e doença de Crohn. A ausência de exames específicos, como a colonoscopia, acabou adiando a detecção da doença.
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A situação só começou a se esclarecer após a realização de um ultrassom, que identificou uma massa estranha no fígado. Só então, o exame de colonoscopia foi solicitado — e confirmou a presença de um tumor agressivo no cólon, já com metástase em outros órgãos.
“Quando você está nessa fase da vida, cuidando da casa e dos filhos, a última pessoa em quem pensa é em si mesmo”, lamentou o marido, Corey Candrilli, em uma publicação nas redes sociais.
Exame negligenciado pode salvar vidas
A colonoscopia é o principal exame para rastrear o câncer colorretal, nome técnico do câncer de intestino. Indicado a partir dos 45 anos para a população geral — ou mais cedo para quem tem histórico familiar da doença —, o procedimento permite detectar pólipos e alterações nas paredes do intestino antes que evoluam para tumores.
Segundo o oncologista Márcio Almeida, cerca de 98% dos casos de câncer do intestino são o adenocarcinoma.
"Esse câncer é o mais comum e se desenvolve do pólipo, uma 'verruguinha' que dá no intestino, que era um adenoma simples, pequeno, que não foi tratado e começou a crescer até se tornar um câncer", explica.
Por isso, segundo ele, o ideal é que a doença seja diagnosticada antes do início dos sintomas, na identificação do pólipo pela videocolonoscopia.
Como a doença não dá sinais no início, o exame a cada cinco anos é essencial para o diagnóstico precoce, segundo o médico.
Câncer de intestino: uma doença silenciosa
O câncer de colorretal ou de intestino atinge cerca de 40 mil pessoas por ano no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), e é o terceiro tipo de câncer mais incidente no país. Apesar de ser mais comum em pessoas acima dos 50 anos, os casos têm aumentado na população mais jovem.
Entre os principais sintomas estão:
- Sangue nas fezes (mesmo em pequenas quantidades);
- Mudanças persistentes no hábito intestinal;
- Dor abdominal recorrente;
- Perda de peso sem causa aparente;
- Cansaço excessivo.
A prevenção envolve não apenas exames de rastreio, mas também hábitos saudáveis, como alimentação rica em fibras, manutenção do peso adequado e prática de exercícios. Doenças inflamatórias intestinais e síndromes genéticas também aumentam o risco.
Tratamento intenso e campanha por ajuda
Desde o diagnóstico, Heather passou por uma série de procedimentos médicos, incluindo cirurgia para remoção de parte do cólon, 20 sessões de quimioterapia e intervenções para retirada de tumores. Ela agora aguarda um transplante de fígado como parte do tratamento.
Apesar de contar com plano de saúde, a família estima que os gastos totais podem chegar a US$ 500 mil (cerca de R$ 2,8 milhões). Uma campanha online de arrecadação foi lançada para ajudar a cobrir as despesas.