Rim lidera espera por transplante no país com mais de 37 mil pessoas
Transplante de coração do Faustão chamou atenção para listas, mas a maior busca não é pelo órgão
SBT News
O transplante de coração do apresentador Fausto Silva chamou a atenção para a lista de espera por órgãos no país, mas a maior busca não é por um coração. Do total de 66.250 pessoas que precisam de transplantes, segundo o Ministério da Saúde, mais da metade aguarda por um rim, são 37.082 pacientes. Eles enfrentam rotinas exaustivas de hemodiálise. É o caso da Valéria Marques Silva, de 35 anos, que passa quatro horas sentada, três dias na semana, para realizar o tratamento. Ela tinha apenas 17 anos quando os rins pararam de funcionar.
"Eu transplantei, a minha mãe doou pra mim, porém, esse rim transplantado ele veio a parar novamente agora em 2021. Eu trabalhava, mas, infelizmente, eu tive que me afastar. Saio daqui às vezes passando mal por causa do processo", conta Valéria.
Alguns pacientes passam anos fazendo diálise, mas o tratamento adequado para viver mais, e melhor, é o transplante. A espera varia de um estado para o outro, pode levar mais de cinco anos. Reduzir esse tempo depende de uma atitude que qualquer um pode tomar: tornar-se doador. Só que esbarra na resistência das famílias quando perdem entes queridos. Esse médico explica que a comprovação da morte encefálica de um paciente, primeira condição para a doação, é 100% segura.
"Um exame comprobatório da ausência de fluxo sanguíneo no cérebro e uma segunda avaliação da morte encefálica é que determinam quem são as pessoas que podem ser doadoras", Roberto Manfro, nefrologista membro da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos.
Para definir quem tem prioridade na hora de receber o órgão, é levado em consideração não apenas o fator da necessidade, mas também a probabilidade de sucesso no longo prazo. Sem o transplante, só a diálise mantém o doente vivo. O problema é que há um déficit de 10 mil vagas em clínicas que disponibilizam o tratamento.
Segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Lúcio Requião, essa falta de vagas tem gerado um acúmulo de pacientes internados por mais de um mês e que ocupam um leito de hospital quando poderiam estar fazendo tratamento em casa. As principais causas que levam à falência dos rins são hipertensão e diabetes. O tratamento adequado dessas doenças previne o desenvolvimento da doença renal crônica.