Trama golpista: Ramagem nega acusações e diz que fez anotações privadas sobre urnas
Interrogatório de deputado federal e ex-diretor da Abin começou na noite desta segunda (9)
Yumi Kuwano
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) negou as acusações de crimes da ação penal que trata da trama golpista, que começou nesta segunda-feira (9) a fase de interrogatórios dos réus no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Não há veracidade na imputação de crimes. Estamos aqui para demonstrar inocência", disse.
O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é o segundo réu a ser interrogado. Durante a sessão, ele afirmou que os textos que escreveu sobre fraudes nas urnas eram apenas anotações privadas e que não foram encaminhadas para outras pessoas. Ramagem ainda admitiu que não tem provas de fraudes no equipamento.
"Esses são documentos pessoais, privados, não houve difusão qualquer desse documento, com opiniões privadas minhas", afirmou. Os textos eram destinados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas Ramagem disse que costuma escrever em primeira pessoa para "concatenar as ideias".
Ele é acusado de espionar ilegalmente os "inimigos" de Bolsonaro por meio da Abin e negou ter monitorado autoridades durante sua gestão.
+ Mauro Cid diz que Bolsonaro leu e editou minuta golpista
Ramagem encerrou os interrogatórios desta segunda. Mais cedo, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro — primeiro réu a ser interrogado —, confirmou que Bolsonaro editou a minuta do golpe para alterar o resultado das eleições de 2022, em que foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Até esta sexta-feira (13), o relator do caso, Alexandre de Moraes, ainda vai interrogar Jair Bolsonaro, Braga Netto, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto que fazem parte do "núcleo crucial" da trama golpista.