Todos os caminhos que levaram à prisão de Braga Netto
Indiciado por “arquitetar” golpe, militar é suspeito de entregar dinheiro a “kids pretos”, participar de plano de assassinato e interferir em delação
Leonardo Cavalcanti
“Arquiteto” da trama golpista, o general Braga Netto protagonizou uma série de ações da trama golpista depois da vitória do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ex-ministro e braço direito de Jair Bolsonaro (PL) já está indiciado por abolição violenta do Estado Democrático de Direito e por organização criminosa. Neste sábado (14), depois da prisão do militar, outras revelações vieram à tona a partir da investigação da Polícia Federal (PF).
+ Braga Netto entregou dinheiro para militares golpistas em sacola de vinho
A investigação parte da colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, iniciada ainda em maio de 2023. O militar participou de pelo menos dois depoimentos no STF, o primeiro em março deste ano, o segundo em 21 de novembro. Em comum, o militar detalhou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a participação de Braga Netto na cadeia de comando da trama de golpe.
Assassinato
O general teria aprovado o plano que teria sido elaborado pelo general da reserva Mario Fernandes para matar o então candidato vitorioso Lula, o vice Geraldo Alckmin e o próprio Moraes, relator do inquérito sobre a tentativa de golpe. A intenção seria envenenar autoridades. Era a operação “Punhal Verde e Amarelo”, que seria posta em prática em novembro de 2022. Mas faltava o apoio de toda a cúpula militar.
Ataques virtuais
Como ministro ex-ministro da Defesa e um dos personagens mais forte do governo Bolsonaro, Braga Netto também teria pressionado os comandantes do Exército e da Aeronáutica a “aderirem ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito”, segundo a PF. Para isso teria determinado que golpistas promovessem e difundir ataques pessoais ao general Freire Gomes e ao tenente-brigadeiro Baptista Júnior.
Grana em caixa de vinho
A decisão de Moraes mostra um trecho da mais recente delação de Mauro Cid, em que ele afirma que Braga Netto repassou dinheiro para financiar as ações de forças especiais. “O general repassou diretamente ao então Major RAFAEL DE OLIVEIRA dinheiro em uma sacola de vinho, que serviria para o financiamento das despesas necessárias a realização da operação”, aponta um trecho do inquérito.
Interferência na delação
Outra recente informação sobre a atuação de Braga Netto se refere ao fato de ele ter buscado dados sobre a delação de Mauro Cid. "Novas provas obtidas apontaram que BRAGA NETTO atuou no sentido de obter informações relacionadas ao acordo de colaboração firmado com MAURO CID.” A ação é feita a partir de interação com o general Mauro Cézar Lourena Cid, pai de Mauro Cid.