Setor de pescados pede ao governo crédito emergencial de R$ 900 milhões
Proposta da Abipesca, entregue hoje ao Planalto, também cita a reabertura do mercado europeu e fala em milhares de demissões com a tarifa anunciada por Trump

Hariane Bittencourt
A Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca) protocolou nesta segunda-feira (21), no Palácio do Planalto, um pedido formal pela abertura de um crédito emergencial de R$ 900 milhões para socorrer as indústrias exportadoras de pescado.
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De acordo com a entidade, a medida é necessária para “mitigar os impactos imediatos da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros do setor”. Se as negociações não avançarem, a nova taxa será cobrada a partir de 1º de agosto.
A proposta da entidade prevê seis meses de carência e um prazo de dois anos para o pagamento. Segundo a Abipesca, cerca de 70% dos pescados exportados pelo Brasil vão para os Estados Unidos e, desde o anúncio da nova sanção, R$ 300 milhões em produtos estão parados em portos, embarcações e indústrias brasileiras.
Mais cedo, em entrevista à Rádio CBN, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo estuda abrir uma linha de crédito para socorrer os setores mais afetados pelo tarifaço. Ele disse que um plano de contingência será apresentado nesta semana ao presidente Lula (PT), mas reforçou que o governo brasileiro “não vai sair da mesa de negociação”.
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No documento protocolado nesta segunda, o representante do setor de pescados disse enfrentar uma grave crise de capital de giro, e indicou que “não há como redirecionar essa produção ao mercado interno, que já se encontra abastecido e não absorve os cortes específicos voltados à exportação”. Além disso, indicou que, sem uma resposta rápida, 35 indústrias e cerca de 20 mil trabalhadores podem ser impactados.
Mercado europeu
A Abipesca também pediu que o governo intensifique as negociações para reabertura do mercado europeu, fechado às exportações brasileiras de pescado desde 2017.
“O setor está sem alternativa no curto prazo. Sem crédito, não há como manter os estoques, honrar compromissos e preservar os empregos. Essa linha emergencial é crucial para evitar um colapso imediato e dar fôlego até que se encontre uma solução duradoura”, afirmou o presidente da associação, Eduardo Lobo.