Segurança pública contribui para queda de aprovação a Lula, dizem especialistas
Ao Poder Expresso, a professora Mayra Goulart e o CEO da Atlas/Intel, Andrei Roman, falaram sobre levantamento que avalia governo
Após a Quaest ter indicado uma queda de popularidade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma nova pesquisa indicou a tendência negativa na avaliação da administração petista. Para a professora Mayra Goulart, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e para Andrei Roman, CEO da Atlas Intel, instituição responsável pelo estudo, as recentes falas de Lula sobre Israel e a Venezuela continuam impactando negativamente a visão de seu mandato.
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A pesquisa da Atlas Intel revelou que 49% dos entrevistados avaliam negativamente a imagem de Lula, a primeira vez que sua aprovação fica abaixo dos 50% desde janeiro de 2022. Além disso, os números mostram que a avaliação sobre política externa caiu nove pontos percentuais em relação ao mesmo estudo de janeiro.
“A campanha midiática contundente de várias semanas acerca da temática de Israel, uma temática importante para os evangélicos, devido à associação do Primeiro Testamento com o maior apego aos dogmas religiosos, com certeza contribuiu (para a queda na avaliação do governo petista)”, avaliou Mayra em participação no Poder Expresso.
Para a professora, outros pontos que contribuíram para a tendência negativa foram a inflação dos alimentos, que afetam justamente as camadas mais populares, com mais adesão às religiões evangélicas, e o ciclo político, que traz consigo um desgaste natural de "meio de governo".
Segurança pública
Além da queda acentuada na avaliação da política externa, outra área que recebeu destaque negativo na pesquisa foi a da segurança pública, a pior entre todos os setores aliados.
“Ficou em último lugar, com 66% dos entrevistados tendo uma visão negativa. Desses, 50% acha que a segurança pública no Brasil está péssima. Ou seja, para metade dos brasileiros, a situação é realmente alarmante”, disse Andrei Roman, CEO da Atlas Intel em entrevista para o Poder Expresso, indicando também que a percepção que era de 36% em janeiro, caiu para 24% atualmente
Roman, no entanto, alertou que nem tudo é notícia ruim para o governo atual. Em todas as áreas setoriais, a administração atual teve avaliação melhor do que o governo Bolsonaro. “A polarização ajudou ambos (Lula e Bolsonaro), esgotando o centro político e os ajudando a se distanciar dos centros políticos”, analisou.
O CEO, no entanto, fez a ressalva de que, quanto mais o governo, avança, mais ele será julgado de forma independente e pelos seus próprios méritos, deixando a comparação com Bolsonaro menos relevante.