PF intima diretor-geral da Abin a depor sobre suposta espionagem no Paraguai
Depoimento nesta quinta-feira (17), na sede da Polícia Federal, em Brasília, também deve abordar investigação sobre" Abin paralela" na gestão Bolsonaro
SBT News
O diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, foi intimado pela Polícia Federal (PF) a prestar depoimento. A oitiva deve ocorrer nesta quinta-feira (17) na sede da PF, e faz parte do inquérito da Abin Paralela. As informações foram confirmadas pelo SBT News.
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As oitivas ocorrem após dois agentes da Abin afirmarem à PF que o Brasil fez um ataque hacker ao Paraguai para obter informações sobre as negociações com a Usina Hidrelétrica de Itaipu.
Além disso, a PF quer saber se a atual gestão tentou obstruir a apuração sobre o uso da agência, durante o governo Bolsonaro, para espionar jornalistas, autoridades e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) tidos como desafetos do ex-presidente.
Suspeita de espionagem ao Paraguai
A operação Vortex, que incluía a invasão a computadores de autoridades do Paraguai, tinha como objetivo obter informações sobre a negociação envolvendo a venda de energia pela usina de Itaipu. À época, o Brasil e o Paraguai negociavam uma revisão após 50 anos do Anexo C do Tratado de Itaipu, que determina a fórmula para o cálculo do preço da energia produzida.
Um profissional da Abin relatou que, horas antes de os agentes de inteligência embarcarem para o Chile e para o Panamá, onde iniciariam a operação de invasão a computadores paraguaios, o então número 2 da Abin, Alessandro Moretti, suspendeu a ação por receio de vazamento aos policiais federais.
Em 3 de abril, o Ministério Público do Paraguai abriu um processo criminal para investigar uma possível espionagem digital da Abin contra autoridades e instituições paraguaias.
O governo do Paraguai havia convocado o embaixador do Brasil em Assunção, José Antônio Marcondes, dois dias antes, para pedir explicações sobre o suposto monitoramento feito pela inteligência brasileira.